Superávit

Governos estaduais, novamente, ajudam no resultado do setor público consolidado

Para Caio Megale, economista-chefe da XP, desempenho robusto dos governos regionais foi uma surpresa positiva

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O resultado do setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 16,7 bilhões em agosto, levando o acumulado em doze meses ao déficit de 1,57% do PIB – redução de cerca de 1,3 ponto percentual ante os 2,87% registrados em julho.

Segundo Caio Megale, economista -chefe da XP, o número é muito melhor do que o consenso de mercado (R$ -7,9 bilhões) e reflete os resultados positivos das contas do governo federal neste mês, especialmente do lado das receitas do setor produtivo, mas também influenciado por ganhos pontuais com dividendos e royalties.

No entanto, para Megale, a maior surpresa positiva vem do desempenho dos governos regionais, que registraram um superávit robusto de R$ 27,3 bilhões no período.

A receita tributária dos governos estaduais até agosto superou o resultado do ano passado em quase 30%, principalmente devido à forte recuperação da arrecadação de ICMS. O resultado é um superávit primário robusto de 1,13% no acumulado em doze meses, o que na, opinião de Megale, deve continuar contribuindo para a melhoria do resultado fiscal consolidado no segundo semestre deste ano.

Quanto aos níveis de dívida, a dívida bruta caiu para 82,7% do PIB, uma redução de 0,4 ponto percentual em relação à impressão de julho. Apesar da redução contínua, é importante notar os impactos gradativamente crescentes dos pagamentos de juros nominais, que agora estão em 4,05% do PIB. Quanto à dívida líquida, houve uma redução  igual 0,4 em relação ao número de julho para 59,3% do PIB, ajudada pela depreciação cambial de 0,42% observada no período.

Para Megale, as contas públicas devem continuar a trazer resultados positivos no curto prazo, com os níveis de dívida caindo substancialmente até o final deste ano (em comparação com o salto do endividamento do ano passado). No entanto, isso não será suficiente para ofuscar os riscos crescentes sobre a sustentabilidade fiscal de longo prazo, que se provaram pesar muito mais na percepção de risco e, portanto, nos ativos brasileiros.