
A Gerdau (GGBR3)(GGBR4) divulga seu balanço financeiro do 1° trimestre de 2025 (1T25) nesta segunda-feira (28), após o fechamento de mercado, e a Genial Investimentos espera que os resultados sejam mistos, mas sem nada surpreendente.
Segundo a casa, a unidade da Gerdau na América do Norte deve apresentar crescimento, com a recuperação das operações após um fim de ano mais desafiador, já o cenário para a unidade brasileira não é tão otimista, com restrições operacionais afetando a produção local.
Apesar disso, a Genial espera um lucro líquido de R$ 1,3 bilhão da Gerdau no 1T25, um aumento significativo de 3 vezes sobre o trimestre anterior e de 2,9% em relação ao ano passado.
A reversão das perdas cambiais observadas no 4T24 foi um dos principais fatores para essa visão de crescimento. “A recuperação cambial foi fundamental para a melhoria do lucro líquido no primeiro trimestre de 2025”, explica a casa.
Dessa forma, a Genial Investimentos mantém sua recomendação de compra para a ação da Gerdau, com preço-alvo ajustado para R$ 19,00 (anteriormente R$23,40), o que representa um upside de 26,16%.
“Apesar dos desafios, a Gerdau tem mostrado resiliência e deve se beneficiar da recuperação na América do Norte, com uma recuperação gradual de margens ao longo de 2025”, destaca a casa.
Cenário geral: uma receita de R$ 17 bilhões
De acordo com a Genial Investimentos, a Gerdau deve registrar uma receita líquida de R$ 17 bilhões, marcando um crescimento de 1,1% sobre o trimestre anterior e 4,9% no comparativo anual.
A recuperação nas vendas e a leve alta nos preços na América do Norte são os principais fatores que impulsionam esse crescimento, compensando as dificuldades nas outras regiões. “A operação na América do Norte deve continuar sendo o principal motor de crescimento da companhia”, afirma a casa.
O EBITDA (lucro antes juros, impostos e amortizações) consolidado, no entanto, deverá apresentar uma leve retração de 3,5% no trimestre, totalizando R$ 2,3 bilhões, com uma queda de 18% no comparativo anual.
“A pressão sobre os preços e volumes, especialmente no Brasil, vai impactar a margem EBITDA da Gerdau, que deve cair para 13,6%”, explica a Genial.
Na América do Norte
Na América do Norte, a unidade da Gerdau deverá apresentar um crescimento sólido, com a expectativa de 1.173 mil toneladas embarcadas, um aumento de 9% sobre o trimestre anterior e 1,2% em relação ao ano passado.
A Genial destaca que esse desempenho é impulsionado pela normalização das plantas após paradas programadas no 4T24, além de um backlog de pedidos superior a 60 dias. “A expectativa é de recuperação das operações na região, com preços de venda subindo levemente devido ao aumento no mix de produtos”, aponta a corretora.
A projeção da Genial é que o EBITDA da operação norte-americana cresça 27,7% no trimestre, atingindo R$ 1 bilhão, embora a comparação anual ainda mostre uma queda de 41,5%, devido ao impacto da base de comparação mais alta de 2024.
E no Brasil?
No Brasil, o cenário é mais desafiador. A Gerdau deverá registrar 1.379 mil toneladas embarcadas, uma queda de 5% sobre o trimestre anterior e 3,9% no comparativo anual.
A parada prolongada da linha BQ2, que afetou as entregas de aços planos, é apontada como a principal razão para essa redução.
“A produção no Brasil não deve se recuperar completamente no 1T25, o que resultará em um desempenho mais fraco, especialmente na comparação com a América do Norte”, comenta a Genial.
O preço realizado deverá se manter estável, em torno de R$5.324 por tonelada, com uma leve queda de 0,5% sobre o 4T24. O impacto negativo da retração nos preços de aços longos será parcialmente compensado pela maior participação de aços especiais no mix de vendas. “A participação maior de aços especiais ajudará a mitigar os efeitos da queda nos preços de aços longos”, completa a casa.
O EBITDA da operação brasileira deverá cair para R$1,1 bilhão, uma retração de 17,9% no comparativo sequencial, mas um crescimento de 38,2% sobre o ano passado.
América do Sul
Na América do Sul, a Gerdau enfrentará uma normalização de volumes, especialmente no Peru, após a antecipação de pedidos no 4T24.
A projeção é de 252 mil toneladas embarcadas, uma queda de 7% em relação ao trimestre anterior, mas um aumento de 11% no comparativo anual. A Genial observa que a pressão sobre os preços será mais forte na região, com um ajuste nas estratégias de precificação.
“A Gerdau precisará ajustar seus preços com cautela para se adaptar à demanda e à inflação local”, diz a Genial.
Fluxo de Caixa
Embora a Gerdau projete um Free Cash Flow (FCF) pressionado no 1T25, com uma expectativa de queima de caixa devido à antecipação de R$1,5 bilhão em CAPEX (um aumento de 75% em relação ao 1T24), a companhia mantém seu foco em disciplina financeira e controle de custos.
“O aumento de CAPEX visa, principalmente, investimentos que serão fundamentais para o crescimento sustentável da Gerdau nos próximos trimestres”, observa a Genial.