A Covid-19 transformou a vida, os hábitos e, a julgar pelos números do mercado imobiliário em 2020, até os projetos de futuro dos brasileiros. Com a Selic mais baixa da história, em 2% ao ano, propiciando prestações mais baratas nos financiamentos, a procura por imóveis cresceu em todo o Brasil. E algumas tendências geradas pelo “novo normal” já podem ser percebidas, como o crescimento do interesse por loteamentos e imóveis em cidades fora dos grandes centros urbanos.
Com a instalação da pandemia no Brasil, a procura por loteamentos chegou a ser 200% superior em relação a 2019, segundo pesquisa recente do portal de imóveis Imovelweb. Já um levantamento realizado pela consultoria Brain, realizado em julho deste ano com 22 mil pessoas, revelou que 70% daqueles que desejam comprar um imóvel dariam preferência para uma casa ou lote.
Números do Secovi-SP (Sindicato da Habitação de São Paulo) também reforçam essa percepção, mostrando a dimensão e o crescimento do mercado de loteamentos no estado de São Paulo: entre janeiro e dezembro de 2019, foram aprovados 446 projetos de loteamentos, colocando 130.355 lotes à disposição para comercialização. Quando comparados com os números de 2010, o aumento foi de mais de 50%.
Para fortalecer ainda mais esse segmento, em agosto de 2020 a Caixa Econômica Federal implementou mudanças na linha de financiamento de “Lote Urbanizado Residencial”, com taxas de juros mais atraentes. Para imóveis com valores entre R$ 50 mil e R$ 1,5 milhão, a taxa de juros efetiva será de até 8,5% ao ano + TR. O pacote de benefícios também compreende quota de financiamento de até 70% sobre o valor de avaliação do terreno e prazo de até 240 meses para pagamento da dívida. O objetivo é “escoar os loteamentos já lançados e ajudar nos novos lançamentos para o mercado”, afirmou o presidente da Comissão da Indústria Imobiliária (CII) da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), Celso Petrucci, à época do anúncio.
Segundo entidades do setor, condições ainda melhores esperam o segmento nos próximos anos.
Em busca do “morar melhor”
Os números superlativos do segmento de lotes refletem uma percepção de “morar melhor” que se acentuou na quarentena e se transformou em exigências na hora da escolha do futuro lar. Em vez de alguns poucos metros quadrados no coração da metrópole, mais pessoas estão, agora, abrindo os olhos para casas espaçosas e cercadas de áreas verdes, que propiciem maior contato com a natureza e fuga de barulho, poluição e aglomeração das grandes cidades.
O mercado imobiliário está se adaptando a essa crescente demanda, oferecendo apartamentos com maior área útil ou mais lazer individual (como varandas gourmet ocupando mais destaque nas plantas). Mas, nesse quesito, é difícil competirem com os loteamentos. E o que sempre foi mais atrativo para os apartamentos – localização -, com grandes empresas já se estruturando para oficializar o home office permanente, com ou sem COVID-19, ficou mais fácil para muitos escolherem aquele terreno grande no interior e darem adeus de vez à cidade grande.
Os loteamentos estão em alta com quem busca uma casa para morar, mas e para quem quer um investimento rentável? É uma boa opção de se considerar?
Vale a pena investir em lotes?
Imóveis nunca saíram do radar do investidor brasileiro. Seja para esperar a valorização ou obter renda com aluguéis, a segurança desse tipo de ativo sempre será atrativa. Nesse sentido, os lotes também se destacam, com ticket menor que uma casa ou apartamento, mas com rentabilidade.
Já para quem busca investimentos sem a necessidade de aportes milionários, os Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs) são opções que apresentam ótimo desempenho. Inclusive, no mercado há fundos voltados especialmente para loteamentos.