Por Barani Krishnan, da Investing.com – A determinação dos touros do ouro está enfrentando um novo teste com os preços do metal amarelo caindo abaixo de US$ 1.700 a onça pelo segundo dia consecutivo, após comentários sobre a economia dos EUA pelo presidente do Federal Reserve, Jay Powell, fazerem com que os rendimentos dos títulos e o dólar disparassem.
Os futuros do ouro na Comex de Nova York ficaram abaixo de US$ 1.700 na quarta-feira (3), pela primeira vez desde abril do ano passado, e voltaram a ficar abaixo desses níveis após o fechamento da sessão de quinta-feira. O preço à vista do ouro, que reflete as negociações em tempo real, atingiu o território de US$ 1.600 pela primeira vez desde junho na quinta-feira.
O ouro para entrega em abril na Comex de Nova York fechou em baixa de US$ 15,11, ou 0,9%, a US$ 1.700,70 a onça. Às 16h58 (horário de Brasília), ele era negociado a US$ 1.697,65, após atingir uma baixa de US$ 1.687,75.
O ouro à vista caía US$ 10,81, ou 0,6%, para US$ 1.700,33, depois de ter registrado US$ 1.690,72. Os fundos de hedge e outros gestores às vezes confiam mais no preço à vista do que nos futuros para determinar a direção do ouro.
O rendimento do título dos EUA a 10 anos subiu para quase 1,55% depois que Powell admitiu em um evento organizado pelo The Wall Street Journal que uma economia em recuperação poderia "criar alguma pressão de alta sobre os preços", antes de acrescentar que qualquer aumento na inflação seria "transitório".
Os comentários de Powell derrubaram o mercado de ações, que nos últimos dias viu investidores questionando os valuations de ações de alta tecnologia como Apple (NASDAQ:AAPL) (SA:AAPL34), Microsoft (NASDAQ:MSFT) (SA:MSFT34) e Amazon (NASDAQ:AMZN) (SA:AMZO34).
O ouro, já em estado de colapso por algum tempo, foi arrastado para a debandada das ações, apesar de sua chamada proteção contra a inflação e da aprovação iminente esperada para o pacote de alívio da Covid-19 de US$ 1,9 trilhão do presidente Joe Biden.
O dólar, alternativo ao ouro, disparou, com o Índice Dólar, que compara a divisa com as seis principais moedas, atingindo a maior alta em quatro meses em 91,68.
Desde 22 de fevereiro, os futuros de ouro de referência perderam US$ 115, ou quase 6,5%. Nas negociações de terça-feira, sua única sessão positiva nas últimas sete, o contrato subiu cerca de US5$ 10, ou 0,6%. No ano, o ouro caiu quase 10%.
Os investidores agora aguardam o lançamento do relatório de empregos de fevereiro do Departamento do Trabalho dos EUA . O consenso do mercado é de um crescimento de 180.000 empregos no mês passado, acima da expansão de 49.000 em janeiro. Um crescimento muito maior pode pesar novamente sobre o metal amarelo.
"Os touros do ouro estão ficando tontos enquanto olham para o precipício do preço que pode causar outros US$ 100 de fraqueza", disse Ed Moya, analista da OANDA de Nova York. “Se o mercado de títulos continuar a ignorar o Fed, o ouro pode passar por algumas semanas difíceis.”