Por Barani Krishnan, da Investing.com – A permanência do ouro acima dos US$ 1.800 está se revelando, na melhor das hipóteses, tênue.
A alta dos rendimentos do Tesouro norte-americanos derrubou a commodity do patamar nesta quarta-feira (15), apenas 24 horas depois de ter atingido marca levemente superior.
“Para que o ouro evite um selloff, ele precisa atingir e permanecer acima do nível de US$ 1.800”, afirmou Ed Moya, chefe de pesquisa das Américas na plataforma de investimento OANDA. “Primeiro, é preciso que os rendimentos nominais do Tesouro caiam antes dos investidores retornarem voluntariamente.”
"O lugar de conforto do ouro são as políticas monetárias complacentes, o que está prestes ser moderado, mas nos próximos dois trimestres pode haver uma transição para um hedge de inflação, momento que pode ser complicado". O ouro mais ativo para dezembro na Comex de Nova York recuou em US$ 12,30, ou 0,7%, a US$ 1.794,80, após oscilar entre US$ 1.808,45 e US$ 1.792,35.
As pressões se renovaram sobre o ouro depois que os rendimentos do Tesouro de 10 anos dos EUA subiram pela primeira vez em quatro sessões, 2,1%, para um indicador de 1,33.
Os rendimentos do Tesouro dispararam após uma pesquisa surpreendentemente forte do Empire State de que o crescimento da indústria pode não ser tão fraco quanto inicialmente previsto. Isso ocorreu apesar do Federal Reserve relatar na quarta-feira que a produção industrial dos EUA cresceu 0,4% em agosto, após a expansão de 0,8% de julho, à medida que as paralisações de fábricas causadas pelo furacão Ida retinham a produção.
O ouro se encontra em algum tipo de ponto de inflexão, tendo o Fed entrado no período de típico silêncio antes do encontro de 21 a 22 de setembro.
A questão de quando o Fed deveria reduzir o estímulo e aumentar as taxas de juros tem sido calorosamente debatida nos últimos meses, conforme a recuperação econômica se depara com a variante Delta do coronavírus. O presidente Jay Powell está para dar uma coletiva na próxima semana, após a reunião de política de dois dias do Fed.
O programa de estímulo do Fed e outras acomodações monetárias têm sido responsabilizados pelo aumento dos preços nos Estados Unidos. O banco central tem comprado US$ 120 bilhões em títulos e outros ativos desde o início da pandemia em março de 2020 para sustentáculo da economia. Também tem mantido as taxas de juros em níveis praticamente zero nos últimos 18 meses.
Depois de cair 3,5% em 2020, com a paralisação do comércio por causa da pandemia, a economia dos EUA teve uma expansão robusta este ano, crescendo 6,5% no segundo trimestre, em linha com a previsão do Federal Reserve.
Para o Fed, porém, o problema é a inflação, que tem ficado acima do crescimento econômico. O Índice de Preços ao Consumidor cresceu 5,3% no ano até agosto, de acordo com os dados.
O indicador de inflação preferido do Fed – o Núcleo do Índice de Despesas de Consumo Pessoal, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia – subiu 3,6% no ano até julho, maior alta desde 1991. O Índice PCE que inclui energia e alimentação aumentou 4,2% no período de um ano.
A meta do Fed para a inflação é de 2% ao ano.