Por Barani Krishnanm, da Investing.com – Os touros do ouro parecem amaldiçoados por qualquer celebração antes da hora ultimamente.
Após uma breve euforia por ter retomado o marco de US$ 1.800, os longs no metal dourado foram atirados de volta a patamares intermediários dos US$ 1.700 na sexta-feira (15), após as fortes vendas do varejo nos EUA em setembro conduzirem a um novo pico dos rendimentos dos títulos do Tesouro com a especulação de o Federal Reserve pode ser forçado a elevar as taxas de juros antes do planejado.
O contrato mais ativo dos futuros de ouro dos EUA, para dezembro, fechou a US$ 1.768,30 por onça no Comex de Nova York, queda de US$ 29,60, ou 1,7%. A mínima do pregão atingiu US$ 1.765,10. O único consolo foi o ganho semanal de 0,6%.
Na quinta-feira (14), o ouro atingiu quase US$ 1.802, cruzando os US$ 1.800 pela primeira vez desde 15 de setembro, e parecendo ter finalmente feito jus a sua fama como um "hedge da inflação" e "porto seguro" dias após os preços do petróleo atingirem os valores mais altos em sete anos, acima dos US$ 80 por barril.
Mas toda ilusão de que o metal dourado expandiria sua escalada de dois dias para atingir a casa dos US$ 1.900 e, eventualmente, os níveis recordes de US$ 2.000 de agosto de 2020 parecia se esvair por enquanto.
"O ouro não conseguiu se manter no nível de US$ 1.800 depois de um relatório de vendas no retalho melhor que o esperado e uma forte rodada de ganhos fizeram os rendimentos do Tesouro dos EUA subir, transferindo o apelo para ativos sem juros", afirmou Ed Moya, analista da plataforma de negociação online OANDA.
Embora o ouro estivesse maduro para uma realização de lucros após sua escalada para os níveis de US$ 1.800, "a tendência descendente pode se prolongar se Wall Street continuar a gerar ações", observou Moya.
Os números das vendas do varejo dos EUA em setembro, divulgados pelo Departamento de Comércio na sexta-feira, registaram um crescimento de quase 14% no ano e uma expansão mensal contínua de 0,7% desde agosto.
Os economistas acompanhados pelo Investing.com esperavam uma queda no mês de 0,2% para as vendas a varejo em setembro em função de desafios da pandemia, especialmente a inflação com o aumento dos preços das commodities, lideradas pelo petróleo. Mas, em vez disso, quase todo setor chave da economia registrou vendas positivas, mostrando-se promissores às vésperas da temporada de compras de fim de ano entre outubro e dezembro, quando acontecem as celebrações de Halloween, Dia de Ação de Graças e Natal.
As vendas mais altas no varejo estenderam os ganhos no S&P 500, que já havia tido o seu melhor dia em sete meses no pregão anterior.
"Os touros do ouro ainda precisam ser pacientes", acrescentou Moya. "O ouro parece pronto para se consolidar aqui, mas o início de uma nova tendência de alta está próximo, assim que a recuperação econômica global voltar aos eixos e o dólar perder o seu predomínio".