Por Ana Carolina Siedschlag, da Investing.com – As ações de bancos e de seguradoras lideraram as altas da B3 (SA:B3SA3) desta quinta-feira (17) após o aumento da taxa básica de juros, a Selic, vir acima do esperado pelo mercado.
O IFNC, o índice financeiro da bolsa brasileira, fechou com avanço de 0,47%, liderado por Santander Brasil (SA:SANB11), a R$ 40,80 (+2,56%), e Bradesco (SA:BBDC4), a R$ 26,53 (+2,08%). Já a seguradora SulAmérica (SA:SULA11) ficou na ponta das altas, com ganho de 3,15%, a R$ 36,96.
Segundo Murilo Breder, analista da Easynvest, ambos os setores tendem a se beneficiar de uma alta dos juros, com os bancos podendo voltar a aumentar o spread bancário, enquanto as seguradoras ficam com melhores perspectivas de rendimentos.
“BB Seguridade (SA:BBSE3), SulAmérica, Porto Seguro (SA:PSSA3) e outras investem o dinheiro do segurado para ir rendendo enquanto não há sinistro. Normalmente, esses fundos são mais conservadores, então são muito correlacionados com o CDI”, explica.
Esperar para ver
Henrique Esteter, analista da Guide Investimentos, vê, além do setor financeiro, a construção civil e as utilidades se beneficiando no futuro dessa movimentação do BC, a depender de uma redução da expectativa das taxas à frente.
“Esses setores ficariam bem em um cenário de desinclinação da curva de juros, com expectativa de taxas reduzindo para 2025 e 2026”, aponta.
Para ele, é preciso esperar um pouco para ver qual a reação do mercado à alta de juros anunciada pelo BC e o efeito disso na ponta de longo prazo da curva.
Setores prejudicados
Do outro lado, um setor que pode ser prejudicado pela alta das taxas é o imobiliário, explicam os analistas, com o encarecimento dos financiamentos para o segmento.
Ainda assim, como os juros básicos seguem próximos da mínima histórica e a perspectiva é de que a Selic suba para cerca de 4,5% até dezembro, segundo o Boletim Focus, essas companhias devem continuar se beneficiando do menor custo para empréstimos por um bom tempo.
Setor de varejo
Já o varejo também pode ter algum impacto à frente, principalmente quando o assunto são companhias voltadas para o e-commerce, explica Paloma Brum, analista de investimentos na Toro.
Ela diz que o crescimento acelerado dessas empresas depende de financiamentos que, por sua vez, tendem a ficar mais caros com os juros mais elevados, na mesma lógica do setor imobiliário.
“Outro ponto é que o fluxo de caixa dessas companhias está em grande parte projetado para um futuro mais longínquo. Ao trazê-lo para o valor presente, com juros mais altos, as empresas passam a sofrer um maior desconto, o que implica na queda dos preços das ações”, aponta.
Ela também cita empresas de bens de capital, como as provedoras de máquinas, motores, instalações fabris, ferramentas, entre outros, que podem ver uma diminuição dos investimentos com o maior endividamento das firmas.