Apesar dos pontos de tensão tanto internacionais quanto nacionais, o Ibovespa, principal índice da B3, performou bem em outubro. Até o fechamento do pregão de 26/10, acumulou no mês alta de mais de 8%. E o cenário para a bolsa em novembro também promete, afirma Bruno Komura, analista de renda variável da Ouro Preto Investimentos.
“O Ibovespa ainda tem bastante potencial”, aposta. “Mas só vamos ver isso se desenvolvendo quando resolvermos algumas questões, que nos acompanham desde outubro“.
A atenção no exterior continua nas eleições presidenciais norte-americanas. Logo no começo do mês, em 3 de novembro, o republicano e atual líder da maior economia do mundo, Donald Trump, disputa com o democrata Joe Biden.
“Isso pode ser positivo para os países emergentes, como nós, se o investidor estrangeiro fizer um movimento em relação ao risco, considerando a situação nos EUA”, lembra Komura. Seja quem for o ganhador para a Casa Branca, vai ser importante garantir o alinhamento com o Congresso dos Estados Unidos, aponta o especialista.
Ainda no cenário internacional, a segunda onda de infecções de covid-19 pode trazer cautela para o mercado. Com toques de recolher decretados em países como França e Espanha, além de restrições no funcionamento de lojas na Itália, a recuperação econômica pode ser mais lenta do que o esperado.
“Mesmo assim, as quedas trazidas por esses receios devem ser moderadas, uma vez que os lockdowns do começo do ano estão sendo evitados”, analisa Komura. “Além disso, o desenvolvimento de vacinas está mais próximo”.
Bolsa brasileira em novembro
O panorama local também permanece tomado com as mesmas preocupações: os problemas fiscais do governo. Além dos gastos emergenciais com a pandemia, que já aumentaram a dívida do País, a questão agora é o financiamento de um novo programa social, chamado de Renda Cidadã.
“O presidente Jair Bolsonaro viu que o auxílio foi uma medida que ajudou bastante na popularidade e pode ser importante para as eleições em 2022”, aponta Bruno Komura. E aí vem o cabo de guerra com o ajuste fiscal, com a dificuldade orçamentária para alocar mais gastos no curto prazo.
Em um horizonte mais longo, a questão só deve ser definitivamente resolvida com o avanço das reformas estruturais. “Vai precisar de reforma administrativa, tributária e fiscal, o que não deve acontecer em 2020”, defende o especialista. “Mas, por enquanto, nos resta monitorar de perto esses novos gastos”.