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Itaú: inadimplência deve subir no próximo ano, mesmo com recuperação econômica

04 agosto 2020 - 15h51Por Investing.com

Itaú

Por Ana Julia Mezzadri, da Investing.com - Após abrir em queda na terça-feira (4) após a divulgação do balanço do segundo trimestre, o Itaú falou sobre perspectivas para inadimplência e tendências para os próximos trimestres em conferência com analistas e imprensa. No resultado trimestral o banco teve lucro líquido recorrente 40% menor do que no mesmo período do ano anterior.

A ação preferencial ITUB4 afunda 6% com o balanço e a marcação da votação do PL para estabelecer um teto de juros no país nesta quinta-feira. A decisão foi tomada após reunião de líderes do Senado.

A inadimplência de 90 dias, na visão de Candido Bracher, presidente-executivo do Itaú, deve subir no próximo ano. Uma das razões é o fato de as condições oferecidas atualmente, flexibilizadas, terem ajudado muitos devedores prorrogar os pagamentos e evitar os calotes.

Estratégias

Para diminuir a inadimplência, segundo Milton Maluhy, diretor financeiro da instituição, o banco criou condições para “fazer com que as condições comerciais levadas para os clientes coubessem no tempo, no custo e na capacidade de pagamento das empresas, justamente para evitar perdas na frente. Grande parte do nosso plano foi reduzir as provisões reduzindo o risco no tempo.” Batizado de Programa Travessia, o Itaú passou a oferecer carência no pagamento, alongamento de prazos e oferta de crédito adicional. Ao todo, o banco entregou R$ 52 milhões em flexibilização das condições de pagamentos no período.

No futuro, o Itaú prevê uma menor necessidade de provisões, uma recuperação da economia e uma melhora na carteira de crédito. “Provisões menores e recuperação de margens financeiras devem ocorrer se a economia continuar se recuperando”, resume Bracher.

A redução nas margens financeiras deve vir de uma mudança no mix da carteira de crédito, que deve expandir no segmento de grandes empresas e, com a flexibilização do crédito para pessoas físicas, micro e pequenas empresas, manter a estabilidade nesses segmentos. Outro fator que pode impulsionar a redução das margens é uma menor taxa de juros na remuneração do capital de giro e na margem de passivos.

De fato, na perspectiva do banco, os indicadores sugerem que o fundo da atividade econômica já foi ultrapassado e agora estamos em fase de recuperação. A recuperação da economia deve ter como efeitos importantes para o Itaú o aumento nas receitas de serviços e seguros e, com a melhora nas condições financeiras dos clientes, a redução do custo do crédito.

Operações

Ainda assim, na tentativa de mitigar o impacto da crise da Covid-19, o banco busca reduzir os custos operacionais de 2020 e 2021, disse Maluhy. “A gestão estratégica de custos baseada no contínuo investimento em tecnologia, nas novas formas de trabalho, na otimização dos canais de distribuição, além dos projetos estruturais de eficiência continuará trazendo benefícios nos próximos trimestres”, afirmou.

Outra previsão é que o retorno sobre o patrimônio tenha atingido seu ponto mais baixo, em 13,5% no trimestre, e que a partir de agora comece a melhorar. “Mesmo que no ano que vem a recuperação do ROE do Itaú não deva retornar aos 20 e poucos (por cento), devemos voltar a ter números bem razoáveis”, diz Candido.

Segundo Bracher, o banco não vê uma perspectiva clara para a pandemia e, assim, não acredita ser recomendável fornecer um guidance.