A Nord Research preparou uma lista de 10 ações que custam menos de R$ 10 e que pagaram elevados dividendos aos seus acionistas nos últimos 12 meses.

Com a bolsa de valores brasileira negociada a múltiplos baixos (9,0x lucros e 6,0x EBITDA), a plataforma observa diversas oportunidades disponíveis no momento e, certamente, isso inclui o investimento em ações de empresas pagadoras de dividendos.

“Essa estratégia pode aumentar os seus ganhos a longo prazo por meio de aportes regulares em empresas de qualidade (que já se provaram como boas distribuidoras de dividendos) e do reinvestimento dos proventos, seja nos mesmos ativos ou em outras oportunidades”, declarou o analista Victor Bueno.

Entre as ações mais “baratas” que pagaram os melhores dividendos nos últimos 12 meses, estão Embpar (EPAR3) e a Allied (ALLD3), com dividend yields de mais de 40% e 20%, respectivamente, e ambas custam pouco mais de R$ 7,00.

No fim do pódio, temos a Even (EVEN3), com um rendimento anual de mais de 16% e ações que custam cerca de R$ 6.

Contudo, antes de se empolgar com os retornos exorbitantes e o preço “baixo”, muita calma!

“Sei que comprar uma ação que custa menos de R$ 10 parece bem barato. Além disso, com um bom dividendo, o negócio parece se tornar ainda melhor. Vamos analisar, rapidamente, para as três primeiras do ranking e ver se são, de fato, boas oportunidades no momento”, pondera.

Vamos aos nomes:

Embpar (EPAR3)

A holding investe na industrialização e comercialização de derivados da madeira, além de também atuar no ramo imobiliário. Nos últimos trimestres, os resultados têm apresentado uma tendência de queda (e as ações seguem o mesmo caminho). Ou seja, existe uma expectativa de que seus dividendos também retornem aos patamares “normalizados”.

Desempenho das ações e lucro da EPAR3 nos últimos 10 anos

A empresa mantém um dividend yield de mais de 40% (nem mesmo gigantes como a Petrobras conseguem, por exemplo). Além disso, as ações da Embpar possuem uma baixíssima liquidez, com um volume de cerca de R$ 100 mil negociados diariamente (a Nord Research considera, como filtro de alocação, um volume mínimo de R$ 1 milhão).

Allied (ALLD3)

A Allied (ALLD3) atua no mercado de varejo (físico e digital), e vende eletrônicos, como celulares e outros equipamentos. Com o setor severamente afetado pelo cenário macroeconômico, os resultados da companhia também foram impactados desde sua entrada na bolsa brasileira, em 2021.

Agora, seus números até mostram sinais de recuperação, o que impulsiona seus dividendos.

Contudo, como a Embpar, espera-se uma normalização das distribuições, em vista os patamares atuais, que representam cerca de 5x mais do que a média histórica das empresas listadas no Brasil.

Even (EVEN3)

Por fim, a Even atua como uma incorporadora com operações voltadas, principalmente, para os mercados de média e alta renda nas cidades de São Paulo e Porto Alegre.

O setor de incorporação, bastante cíclico, consequentemente, traz resultados que oscilam, assim como a remuneração dos acionistas.

Com os juros nos níveis atuais, existe a tendência de que o consumo siga pressionado, e podem impactar os dividendos da Even e de seus pares.

Confira a lista completa:

Afinal, o que recomenda a Nord Research?

Dessa forma, a plataforma não recomenda a compra de qualquer uma das três. Na verdade, no momento, “não temos recomendação de compra para nenhuma das 10 empresas da lista, em vista que não enxergamos resiliência e previsibilidade em seus resultados e dividendos a longo prazo”, declarou Bueno.

O analista ressalta que não necessariamente as ações estão baratas porque custam menos de R$ 10,00.

O barato pode sair caro

Parece contraditório, mas existem ações que custam R$ 1 e são caras, enquanto, ao mesmo tempo, existem aquelas que custam R$ 50 e são baratas. O fato de uma ação ser negociada abaixo de R$ 10 não justifica uma compra – ou, pelo menos, não deveria.

Comprar uma ação barata nada mais significa do que pagar pouco pelos resultados das empresas. “Para isso, usamos indicadores (também chamados de múltiplos) equivalentes ao preço/m² dos imóveis, como o preço/lucro (P/L) e o EV/Ebitda. Quanto menor o múltiplo, melhor”, detalha Bueno.

Assim, conseguimos comparar o preço atual de uma ação com o valor da companhia que está sendo analisada.

“Na lista, temos empresas que, além de não apresentarem boa visibilidade de distribuição de dividendos, também negociam a múltiplos equivalentes ou até superiores à média histórica da bolsa brasileira”, ressalta.

“Portanto, a tabela nos traz a falsa sensação de que temos uma boa receita para comprar algo descontado e com bons dividendos, mas não podemos (e nem devemos) nos limitar a isso. É necessário entender o modelo de negócio de uma empresa, seu histórico de resultados, a regularidade e perspectiva na distribuição de proventos, alavancagem (capacidade de honrar com suas dívidas), liquidez, múltiplos e diversos outros pontos que analisamos. Não olhe preço. Olhe valor!”, concluiu.

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