Agenda Econômica

5 principais assuntos que movimentarão os mercados na semana de 14 a 18 de março

Juros centralizam as discussões nos bancos centrais do Brasil, dos EUA, do Japão e da Turquia, enquanto o rali das commodities parece continuar e ações enfrentam dificuldades; veja

- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve
- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve

Por Noreen Burke, da Investing.com – Há uma expectativa generalizada para o Federal Reserve anunciar sua primeira elevação das taxas de juros desde 2018 na quarta-feira, enquanto os dirigentes tentam equilibrar as ameaças gêmeas da inflação, atualmente em seu maior nível em quatro décadas, e a incerteza econômica resultante da guerra na Ucrânia.

Também se espera que o Banco da Inglaterra volte a subir suas taxas esta semana, que ainda tem reuniões dos bancos centrais do Japão, Turquia e Brasil.

O rali maciço nas commodities parece destinado a continuar, enquanto as ações continuam a enfrentar dificuldades.

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana:

1. Aumentos dos juros do Fed

O Fed assinalou de maneira clara que pretende aumentar as taxas de juros em 0,25 ponto percentual ao fim da sua reunião de política monetária de dois dias, na quarta-feira, a fim de combater a galopada da inflação, a qual, a 7,9%, está muito acima da meta de 2% do Fed.

Um aumento maior de meio ponto percentual já não está mais nos planos desde que a invasão da Rússia pela Ucrânia forçou a disparada dos preços das commodities e provocou grande incerteza nos mercados financeiros.

Os ralis maciços entre as commodities têm elevado a pressão sobre os bancos centrais do mundo para apertarem a política monetária e travarem a inflação. Mas isto trouxe preocupações de que os juros mais elevados irão atuar como uma trava ao crescimento econômico, num momento em que os aumentos de preços já estão pesando sobre os consumidores.

O Fed irá publicar seu "dot plot" atualizado, que monitora as projeções para as taxas de juros, com os investidores ávidos por ver como a guerra está afetando as perspectivas de política monetária. Os investidores também estarão atentos a qualquer projeção sobre os planos para o balanço de quase US$ 9 trilhões do banco central.

2. Juros no Brasil

O Banco Central do Brasil também se reúne entre os dias 15 e 16 nesta semana para discutir os caminhos da política monetária no país. A expectativa é que a autoridade decida aumentar os juros de 10,75% para 11,75%, no que seria o nono aumento consecutivo.

A decisão viria logo após o IPCA de fevereiro apresentar um avanço de 1,01% no mês, fazendo com que o acumulado nos últimos 12 meses fosse para 10,54%. Na quarta-feira, 16, será possível conseguir mais dados sobre a alta nos preços, com a divulgação do IGP-10 de março. A previsão é que o indicador suba 1,9%, um pouco abaixo dos 2% anteriores. Já na quinta-feira, 17, será divulgado a prévia do PIB, o IBC-Br, que segundo previsões, deve ser de -0,30%, um tombo após os +0,30% anteriores.

Outra notícia que os investidores precisam ficar atentos nesta semana é sobre o fim do horário de verão nos Estados Unidos. Com isso, a B3 (SA:B3SA3) volta operar em horário normal, com o pregão regular encerrando às 17h. O After Market também retorna entre às 17h30 e às 18h.

Por fim, o calendário de balanços relativos ao quarto trimestre de 2021 será movimentado por empresas como Magazine Luiza (SA:MGLU3), Neogrid (SA:NGRD3), SLC Agrícola (SA:SLCE3), CVC (SA:CVCB3), Gol (SA:GOLL4) e Lojas Renner (SA:LREN3).

3. Rali das commodities

O recente rali maciço nos preços das commodities pode, a princípio, continuar por um longo tempo, com a rápida resolução da guerra na Ucrânia em xeque.

A guerra e as subsequentes sanções contra a Rússia alavancaram os preços do petróleo para os valores mais altos em 14 , enquanto os preços do gás natural chegaram próximos das suas máximas históricas. Os preços do trigo e do cobre também estão próximos dos seus recordes, enquanto a escalada do níquel, que dobrou de preço na semana passada, forçou a Bolsa de Metais de Londres a interromper a negociação do metal.

Os representantes do governo dos EUA fizeram apelos aos produtores domésticos e mundiais para que aumentassem a produção de petróleo a fim de compensar o choque de fornecimento, e há conversas sobre possíveis incrementos na oferta do Irã, da Venezuela e dos Emirados Árabes Unidos.

Na próxima semana, os observadores do mercado vão se concentrar nos relatórios da Administração Energética Internacional e da Organização dos Países Exportadores de Petróleo.

4. Batalha das ações

O índice S&P 500 registrou o seu segundo recuo semanal consecutivo na semana passada, enquanto o Dow caiu pela quinta semana seguida, sob o peso das incertezas sobre o conflito na Ucrânia e atenções voltadas para a próxima reunião do Fed.

As ações têm enfrentado dificuldades este ano após os temores em relação à crise entre Rússia Ucrânia aprofundarem uma corrida de vendas alimentada inicialmente por preocupações sobre o aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, com o Fed avançando para apertar a política monetária. O S&P 500 apresenta queda de 11,8% até agora em 2022.

"Embora os investidores tenham aceitado que o Fed provavelmente começará a aumentar os juros na próxima semana, há ainda uma falta de clareza sobre até onde e com que velocidade o Fed irá atuar a partir de então", escreveu Lindsey Bell, Estrategista Chefe de Mercados e Dinheiro do Ally, num relatório mencionado pela Reuters na sexta-feira.

"Com o mercado tomando medidas (na forma de volatilidade) e possível redução da demanda, o Fed talvez não precise atuar com tanta rapidez. Ainda assim, o ritmo da inflação será o principal motor das mudanças políticas para a maior parte deste ano".

5. Bancos centrais ao redor do mundo

O Banco do Japão, de postura tradicionalmente dovish, não deve anunciar qualquer alteração à sua política monetária ao término dos seus dois dias de reunião na sexta-feira, enquanto sua inflação ainda permanece muito abaixo do resto do mundo, ao menos por enquanto.

Nos mercados emergentes, espera-se que o banco central da Turquia mantenha a sua taxa de recompra semanal em 14% na quinta-feira, apesar da inflação ter alcançado 54% em fevereiro, seu maior patamar em duas décadas. A abordagem pouco convencional do presidente Tayyip Erdogan para a política monetária favorece uma política monetária de combate à inflação mais relaxada, em vez de mais restritiva.

O banco central da Rússia deverá se reunir na sexta-feira, depois de ter já dobrado sua taxa de juros para o recorde histórico de 20% após a invasão da Ucrânia, numa tentativa de compensar algum dos impactos das duras sanções internacionais.

A bolsa de valores da Rússia continuará fechada esta semana.

O BoE deverá aumentar os juros pela terceira vez desde dezembro após a sua reunião na quinta-feira, mas a expectativa é que seus dirigentes optem por mais uma elevação de 0,25 ponto percentual, em vez de um movimento maior de meio ponto.

O Governador do BoE, Andrew Bailey, deve sinalizar que mais aumentos de juros estão a caminho, na medida em que os diretores do banco estão empenhados em mitigar o risco de que a inflação se enraíze. Em janeiro, a inflação dos preços ao consumidor no Reino Unido atingiu o nível mais elevado em quase 30 anos, a 5,5%, em função de custos energéticos mais altos e gargalos na cadeia de fornecimento.

A Reuters contribuiu para este artigo.