A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) investiga potencial “insider trading” – operações de mercado realizadas com informações não públicas – de fundos de investimentos ligados ao empresário Nelson Tanure durante o processo de aquisição da empresa de laboratórios Alliar (AALR3), segundo documentos obtidos pela Reuters.
Tanure negociava a aquisição desde novembro e concretizou a operação em 14 de abril.
A CVM investiga vendas de ações feitas pelos fundos controlados por Tanure e se elas foram executadas com informações não públicas durante o processo de compra da empresa.
Representantes de Tanure afirmaram em comunicado à agência que o Fundo de Saúde, que agora controla a Alliar, e os advogados do investidor não foram notificados de nenhuma investigação de insider trading.
Em 22 de dezembro, a empresa anunciou que os acionistas poderiam optar por vender as ações aos veículos de Tanure em até dois anos, por meio de um contrato de derivativo. Como o negócio poderia demorar mais para fechar e não havia certeza sobre o total que seria comprado, houve dúvidas sobre a necessidade de uma oferta pública para os minoritários e as ações caíram.
Na análise da negociação, analistas da CVM alegam que os fundos tinham conhecimento do plano para o contrato de derivativo, porque eram uma parte na negociação, e sabiam que quando os derivativos viessem a público as ações cairiam.
No documento, o gerente da CVM Marco Antonio Papera Monteiro sugere o aprofundamento da análise para entender a "profundidade e extensão dos delitos, no entender deste analista, cometidos pelos reclamados".
As informações são de Tatiana Bautzer, para a agência Reuters.