Decisão Copom

Alta na Selic era esperada, mas ainda traz dúvidas; veja o que pensam os analistas

Uma alta nessa intensidade já era esperada pelo mercado, mas não há um consenso se a decisão foi a ideal

Ibovespa hoje: Vale (VALE3), Suzano (SUZB3) e CSN Mineração (CMIN3) são destaques positivos - Pixabay
Ibovespa hoje: Vale (VALE3), Suzano (SUZB3) e CSN Mineração (CMIN3) são destaques positivos - Pixabay

Por Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com – Nesta quarta-feira (16), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) finalizou a sua reunião anunciando um aumento de um 1p.p. na Selic, elevando a taxa básica de juros de 10,75% para 11,75%. Uma alta nessa intensidade já era esperada pelo mercado, mas não há um consenso se a decisão foi a ideal. 

As expectativas são que a inflação continue crescendo ao longo do ano, junto com o aumento da instabilidade causada pela Guerra na Ucrânia e pelo avanço no preço do petróleo no mercado internacional. Assim, há dúvidas de que a decisão de ontem seja um remédio suficiente para a economia brasileira. 

O Copom está com uma perspectiva mais dovish em relação à inflação, segundo a interpretação o UBS sobre o comunicado do BC, o que para eles faz com que haja um risco maior na escolha de elevar a Selic em 1 p.p. ao invés de 1,50 p.p.. O Banco acredita que o Comitê pode se arrepender no futuro, caso as expectativas sobre a inflação continuem subindo para 2022 e, principalmente, para 2023. 

O UBS esperava que o BC fosse mais hawkish, mas a decisão atual pode iniciar um debate sobre o aumento da meta de inflação para o ano que vem, o que o banco interpreta como danoso para o regime de metas e um aumento nas expectativas de inflação de longo prazo. 

Por outro lado, o Bank of America (NYSE:BAC) (Bofa) considerou o comunicado do Copom como neutro em relação às suas expectativas. Apesar da mudança de ritmo na alta dos juros, o BofA considera que o ciclo de alta deve avançar ainda mais em território contracionista.

Além disso, o BC reconheceu que embora os resultados fiscais de curto prazo do país sejam positivos, a incerteza em torno da âncora fiscal pode levar ao desancoramento das expectativas de inflação.

O BofA considerou relevante que a autoridade monetária tenha abordado o assunto e enfatizou que o conselho acredita que esses riscos já estão parcialmente incorporados às expectativas de inflação. 

Outro ponto que o UBS destaca sobre o comunicado do Copom foi a mudança no modelo em que eles usaram para avaliar o impacto do petróleo nas suas contas. Normalmente, o colegiado considera a média dos preços da semana anterior à reunião e eleva os valores em uma taxa anual de 2%.

Mas desta vez, o Comitê escolheu usar um cenário alternativo com a curva de futuros do petróleo até dezembro de 2022 e realizar um aumento de 2% para o final de 2023.

Assim, usando esse modelo diferente, o comitê afirmou que as projeções de inflação para 2022 e 2023 seriam de 6,3% e 3,1%, menores do que no chamado cenário de referência, quando as previsões ficam em 7,1% e 3,4%. Para o BofA, ainda é cedo para determinar qual desses cenários é mais provável, uma vez que não está claro qual data futura a curva de preços do petróleo está determinando. 

Por fim, o Copom deixou indicado para a próxima reunião uma alta de 1 p.p. nos juros, o que faria a Selic chegar a 12,75%, levando em conta que o barril de petróleo deve chegar a US$ 100 no final do ano, o que não traria riscos de desancoragem da inflação, segundo a autoridade monetária. Essa decisão já é esperada pelo BofA.

O UBS discorda dessa visão e considera mais apropriado que a Selic subisse 1,50 p.p., para 13,25%. Para o banco, esse cenário seria mais seguro para lidar com as incertezas da guerra na Ucrânia e o preço do petróleo. Mas o UBS não acredita que o Copom decidirá acelerar o seu ritmo no aperto monetário, mesmo que o petróleo chegue a US$ 120.