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Ambev despenca quase 9% após divulgação de balanço

Por Gabriel Codas

Investing.com – As ações da Ambev (SA:ABEV3) operam com queda nesta quinta-feira. Por volta das 11h30, as perdas eram de 8,66%, a R$14,45.

Mais cedo, a companhia informou que registrou lucro líquido ajustado foi de R$ 4,633,5 bilhões no quarto trimestre de 2019, 24,4% maior que no mesmo período do ano anterior, devido a uma menor despesa de imposto de renda.

O lucro por ação ajustado no trimestre foi R$ 0,29 (+24,6%). No acumulado do ano, o lucro líquido ajustado aumentou 8,5%, atingindo R$ 12,549,9 bilhões, com um lucro por ação ajustado de R$ 0,77 (+8,1%).

Apesar de ter batido o consenso do mercado, as ações caíam devido à perspectiva desanimadora para 2020, na avaliação dos analistas.

Detalhes do balanço

No período, o EBITDA alcançou R$ 6,924,7 bilhões, com uma variação orgânica negativa de 2,7%, margem bruta de 59,8% (-230 pontos-base) e margem EBITDA de 43,7% (-370 pontos-base). No acumulado do ano, o EBITDA foi de R$ 21,147,1 bilhões (+1,5%), com margem bruta e margem EBITDA alcançando 58,8% (-260 pontos-base) e 40,2% (-260 pontos-base), respectivamente.

A receita líquida aumentou 5,7% no 4T19, com crescimento do volume de 3,4% e crescimento de 2,2% da receita líquida por hectolitro (ROL/hl). A receita líquida subiu no Brasil (+2,8%), América Central e Caribe (CAC) (+9,8%) e na América Latina Sul (LAS)1 (+13,8%), e caiu no Canadá (-0,5%).

No Brasil, o volume cresceu 4,7% e a ROL/hl caiu 1,8%. Na CAC, o volume e a ROL/hl cresceram 4,3% e 5,3%, respectivamente. Na LAS, o volume cresceu 0,1% e a ROL/hl subiu 13,7%. No Canadá, o volume caiu 1,5% a ROL/hl subiu 1,0%. No acumulado do ano, a receita líquida apresentou um crescimento de 7,9%, com o volume aumentando 2,7% e a ROL/hl crescendo 5,0%.

Analistas esperavam, em média, lucro líquido de R$ 4,2 bilhões e Ebitda de R$ 7 bilhões, conforme dados da Refinitv.

Avaliação dos analistas

Para a XP Investimentos, a Ambev (SA:ABEV3) reportou resultados em linha, com EBITDA ajustado de R$ 6.925 milhões (-9% A/A) e margem EBITDA de 43,7% (vs. XPe de 43,4% e 47,6% no 4T18). O segmento de cerveja no Brasil foi o destaque negativo, mas foi compensado pelos resultados melhores que o esperado dos segmentos de refrigerantes no Brasil e de América Latina.

Na visão dos analistas, em volumes, cerveja no Brasil aumentou +1,4% A/A, abaixo da estimativa de 2% e na faixa mais baixa do consenso, que esperava crescimento entre 1 e 3%. Tal resultado abaixo do esperado pode manter as ações pressionadas, já que o ambiente competitivo continua sendo uma das principais preocupações do setor.

Já para o BTG Pactual (SA:BPAC11) os comentários da Ambev (SA:ABEV3) sobre as perspectivas do segmento de cerveja 2020 não foram animadores, destacando que, embora em um ritmo mais suave em comparação com um aumento de 18% em 2019, a pressão de custos continuará;

A equipe também aponta que o EBITDA deve retomar o crescimento após cair 7% em 2019, mas no 1T20 os investidores devem esperar um declínio no EBITDA. Para eles, essa maior cautela deve adiar o impulso dos ganhos por pelo menos outro trimestre, provocando mais rebaixamentos nos ganhos.

Isso mais uma vez ressalta o quanto o mercado de cerveja local se tornou mais difícil com base no fim do monopólio virtual da Ambev (SA:ABEV3), no crescimento do canal doméstico, na erosão do valor da marca no mainstream e na falta de escalabilidade no prêmio, o que coloca o notável poder de preço da Ambev e margens operacionais em risco.

Guidance para 2020

Para 2020, a Ambev (SA:ABEV3) disse que espera continuar enfrentando pressões sobre o custo em Cerveja Brasil, “ainda que em menor intensidade do que no ano anterior, dado que teremos um impacto favorável de commodities”.

A companhia também afirmou que esperamos retomar o crescimento do Ebitda de Cerveja Brasil no ano de 2020. “Entretanto, no primeiro trimestre de 2020 vamos enfrentar a maior pressão sobre o custo do produto vendido do ano.”

De acordo com a empresa, tal contexto, em conjunto com investimentos em vendas e marketing mais concentrados no início do ano, deve gerar uma redução do Ebitda de Cerveja Brasil entre 17% e 20% no primeiro trimestre de 2020.

“Ao longo do ano, esperamos que nosso desempenho melhore gradualmente, na medida em que a pressão sobre o custo do produto vendido arrefeça, assim como o faseamento das despesas de vendas e marketing se normalize.”

*Com Reuters