Após indicação de um novo CEO pelo governo Bolsonaro, a Petrobras viu suas ações desvalorizarem em mais de 20%, em questão de horas, na última segunda-feira (22). O forte tombo e declarações do presidente sobre possíveis interferências em outros setores também influenciaram as ações das demais estatais, como a Eletrobras e o Banco do Brasil.
No final de semana, a XP Investimentos já havia rebaixado a recomendação dos ativos da Petrobras de "Neutra" para "Venda". Em relatório divulgado nesta terça-feira (23), a Ativa Investimentos segue o movimento e também atualiza sua indicação de “Compra” para “Venda”.
“Apesar de observarmos a Petrobras mais fortalecida hoje que no passado recente, os presentes acontecimentos invalidam os principais fundamentos de nossa tese de investimentos anterior”, afirma a corretora. A tese mencionada baseava-se na desalavancagem da petroleira e na retomada de geração de fluxo operacional.
Ameaça de interferência rebaixa outras estatais
A corretora, porém, não parou nos papéis da Petrobras e também rebaixou sua recomendação para duas outras estatais, a Eletrobras e o Banco do Brasil. No caso dos papéis da companhia de energia elétrica, passou de “Compra” para “Neutra”.
A Ativa considerou a renúncia do CEO Wilson Júnior e também a provável privatização da Eletrobras na alteração e não acredita — apesar de enxergar “com bons olhos” a MP (Medida Provisória) do governo que deve acelerar sua desestatização — que o processo destravará o “potencial intrínseco” da companhia.
A corretora rebaixou ainda a recomendação das ações do Banco do Brasil de “Compra” para “Neutra” e destacou que as recentes ações do governo federal — como a demissão de diretores e ameaças ao programa de reformulação administrativa do banco — gera ceticismo quanto a uma possível melhora na governança da instituição financeira.
Por fim, o Banco Inter também atualizou sua indicação de “Compra” para “Neutra”. Segundo relatório divulgado na última segunda-feira (22), a mudança reflete as incertezas acerca de uma maior interferência política no BB em um momento no qual “não compensa incorrer o risco de investimento em um banco estatal quando possuímos ótimas oportunidades no setor privado.”