Economistas se dividem sobre a mensagem do Comitê de Política Monetária (Copom) a respeito do futuro das taxas de juros da economia. Alguns veem espaço para novos cortes, com base no reconhecimento pelo Comitê de maior fraqueza da economia. Outros, destacam as condições que o Comitê coloca para novas quedas dos juros, como a aprovação da reforma da Previdência e a melhora do cenário externo.
O Copom manteve a Selic em 6,50%, como amplamente esperado pelo mercado, observa o Banco Fator. Apesar de reconhecer que o arrefecimento da economia a partir do final de 2018 continuou pelo começo de 2019, o comitê mantém cenário de retomada gradual da atividade econômica. Em relação ao cenário externo, não registra alteração alguma.
Embora reconheça quer o risco associado a ociosidade dos fatores de produção tenha se elevado na margem, o comitê avalia que o balanço de riscos para inflação
continua simétrico.
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Assim sendo, o Copom entende que a taxa de juros deve se manter no nível atual, considerado abaixo da taxa estrutural e portanto estimulando a economia.
Ao rever levemente sua avaliação sobre a atividade econômica, sugere que há efeitos “remanescentes” dos diversos choques que a economia sofreu no ano passado e pretende observá-la, “em especial, com redução do grau de incerteza a que a economia brasileira continua exposta”.Finalmente, o comitê reitera que esta avaliação demanda tempo e não deverá ser concluída no curto prazo.
O Copom, enfim, mostra que não concorda com a finalização de alívio monetário adicional, reiterando a relevância da maior incerteza, avalia o Fator. Não se pode atribuir ao exterior, nem à atividade econômica, esta maior incerteza. Ademais, a desvalorização cambial ocorrida desde março não teve efeito relevante sobre as estimativas e projeções de inflação. Assim, o Copom parece prisioneiro não do avanço, mas de eventual triunfo do processo de reformas, afirma o Fator.
Já Gabriela Fernandes, economista da gestora Gauss Capital, considerou coerente a decisão desta quarta-feira do Copom de manutenção da taxa básica de juros mesmo com a desaceleração da economia. O mercado já esperava essa manutenção porque o BC havia sinalizado na última reunião do Comitê que esse seria o movimento, o de manutenção. O BC está observando o desenrolar da atividade e essa avaliação leva mesmo algum tempo.
E, desta vez, na reunião de maio, o Copom alertou para um arrefecimento da economia na margem, ou seja, a atividade econômica foi pior do que o estimado neste início de 2019, com o aumento no nível de ociosidade.
“Portanto, essa manutenção foi coerente com a sinalização anterior”, afirma Gabriela. Daqui para frente, a economista da Gauss credita em dois cortes na taxa, num ciclo suave, curto e cauteloso, justamente num reconhecimento do arrefecimento da atividade. “No nosso cenário, a primeira redução ocorrerá apenas no segundo semestre para que a Selic encerre 2019 a 6% ao ano.”
O Copom reconhece que a atividade está mais fraca do que a esperada, mas que a economia ainda segue exposta aos choques observados em 2018, de tal forma que os riscos para a inflação continuam balanceados, observa Vagner Alves, economista do Santander Brasil. O Comitê afirmou que está dando maior peso para a inflação de 2020, o que reforça o compasso de espera. Para Alves, o tom neutro do comunicado reduz a chance de corte na taxa de juros no curto prazo. “Esperamos estabilidade da taxa Selic em 6,5% ao ano até o final de 2020”, avalia o economista do Santander.
O post Após Copom manter os juros, economistas se dividem sobre novo corte este ano, apesar da atividade mais fraca apareceu primeiro em Arena do Pavini.