Com o fim do ganho fácil em renda fixa devido aos cortes da taxa básica de juros (Selic), hoje em 3% ao ano, os investidores se voltaram para a renda variável. Desde o fim do ano passado até o final de abril de 2020, mais de 700 mil CPFs ingressaram na B3. E o que estas pessoas recém-chegadas ao mercado acionário se depararam foi com um cenário de forte volatilidade, o que provoca a insegurança, principalmente daqueles que nunca investiram nestes ativos.
Em apenas três meses o Ibovespa foi do céu (mais de 100 mil pontos) ao inferno (cerca de 63 mil pontos). No limbo, entre os dois mundos, o índice aos 87 mil pontos ainda exibe muitos altos e baixos no dia-a-dia, consequência das incertezas sobre a recuperação econômica e sobre o cenário político. O comportamento das ações é comemorado pelos traders, porém nem todos têm tanto conhecimento e tempo para fazer operações diariamente e correm os riscos do sobe e desce no curto prazo com vista nos ganhos de médio-longo. Nada, porém, é garantido.
Quando se trata de investimentos, diversificar é a palavra. E o investidor deve ter em mente que existe uma infinidade de ativos além das ações, Tesouro Direto ou dos clássicos CDBs e poupança. Ao final, o desempenho de sua carteira como um todo é o que conta. Para garantir uma maior resiliência do seu patrimônio em momentos como este que estamos vivendo, é preciso lançar mão da diversificação e buscar conhecer novas alternativas, pois, somente ao aplicar em diferentes ativos, de preferência com pouca ou nenhuma correlação torna-se possível reduzir os riscos e ampliar as possibilidades de retorno.
Muitos investidores diversificam investindo em três classes de ativos conhecidas: ações, renda fixa e equivalentes de caixa. Estes dois últimos têm a preferência por conta da elevada liquidez, mas em contrapartida exibem baixa rentabilidade. No entanto, é possível diversificar mais amplamente adicionando ativos alternativos a essas carteiras.
Os “investimentos alternativos” são uma categoria ampla que engloba vários tipos diferentes de investimentos. Normalmente são imóveis, metais preciosos, commodities, fundos de hedge e private equity e dívida privada. No Brasil, exibe crescimento os títulos públicos judiciais, mais conhecidos como precatórios.
Combinar investimentos tradicionais e ativos alternativos em um portfólio – com uma alocação de ativos que faça sentido para sua estratégia e objetivos específicos – pode ajudar a mitigar perdas quando o mercado se move mais baixo, e capturar ganhos quando o mercado se move mais alto.
Tal comportamento é uma tendência mundial. Segundo o relatório Preqin, que apresenta uma pesquisa realizada ao final de 2019 com 500 investidores institucionais internacionais, 71% dos entrevistados acreditam que o potencial de maiores retornos dos ativos privados faz o risco de liquidez valer a pena. Além disso, 37% planejavam aumentar a exposição a ativos alternativos em 2020.
Uma alocação de ativos ideal deve combinar 45% em renda fixa + reserva de emergência, 30% em renda variável e 25% em ativos alternativos. Esse método pode ser interessante, pois mescla a segurança da renda fixa (e a liquidez de uma reserva de emergência ainda dentro dessa modalidade) e a rentabilidade da renda variável.
O “tempero” fica por conta da porcentagem aplicada em alternativos. Ainda pouco disseminados no Brasil, eles unem o melhor dos dois mundos: maior estabilidade da renda fixa com a maior rentabilidade da renda variável. Ao adotar uma estratégia que reúna essas três classes de ativos, é possível de fato aproveitar os benefícios de cada uma das aplicações e compensar o lado ruim.
Mas nunca se esqueça das regras básicas: levar em consideração seu perfil de investidor e estudar o ativo alternativo escolhido antes de tomar qualquer decisão.