Por Márcio Coimbra*
O conservadorismo é fator essencial para o desenvolvimento maduro de uma sociedade. Em última instância define que as mudanças não serão realizadas de forma súbita ou irrefletida. Significa que toda mudança será realizada de forma gradual, ponderada e debatida, preservando-se o princípio democrático como pilar essencial deste processo.
Longe de dogmas ou retóricas radicais, o conservadorismo se posiciona como a voz da razão e da ponderação diante das paixões políticas que cegam a sociedade.
A polarização política levou o Brasil a adotar posições anticonservadoras. O messianismo que tomou conta da sociedade brasileira levou o país a modificar seus rumos de forma abrupta, realizando as mudanças de forma intempestiva, impulsionada por rompantes e também crenças radicais, flertando com a autocracia e posições antidemocráticas. Nada mais longe do que significa ser conservador.
Ao se apropriar do conservadorismo, uma safra de políticos de uma direita de corte populista, associou sua imagem e verniz a um movimento político que passa longe de suas crenças, mas move as massas. A política da prudência, que acompanha os conservadores, balizados pela estabilidade e moderação, passa longe do populismo de botequim vendido pela direita tupiniquim.
O dirigismo estatal, obediência messiânica e a política de compadrio estão a algumas léguas de distância dos instrumentos democráticos, do livre mercado, da pluralidade de opinião e limitação do poder do Estado, defendidos pelos conservadores.
O humor dos mercados jamais pode ser definido pelos rompantes do líder populista, mas a estabilidade das regras deve nortear a confiabilidade de um país.
Um conservador acredita no poder da estabilidade e previsibilidade institucional como forma de atração de investimento e geração de riqueza para a sociedade.
Infelizmente, ainda há muita confusão sobre o conservadorismo, erroneamente associado simplesmente a pautas morais. Um conceito simplista e equivocado, pois confunde-se o princípio de que existe uma ordem moral duradoura e o fato de que os conservadores aderem ao costume, à convenção e à continuidade, associando estes fatos, de forma errada, a preceitos obscuros e pautas retrógradas e ultrapassadas, já vencidas pelo conservadorismo, que aceita a mudança de forma gradual e prudente.
Conservadorismo significa o princípio da prudência, estabilidade e previsibilidade aplicados na política e nas relações econômicas. Alinha-se com democracia, limitação do poder dos governos e liberdade econômica para os cidadãos, garantindo poder para a sociedade, democracia e manutenção das instituições. Rejeita as revoluções, mudanças bruscas e irrefletidas.
O conservador busca uma sociedade ponderada, uma política prudente e uma economia estável, elementos que contribuem para maturidade da sociedade e um futuro próspero, longe de um coletivismo involuntário e perto da responsabilidade individual.
Populistas travestidos de conservadores transformaram-se hoje em uma ameaça para a democracia, assim como os falsos liberais de ocasião, seduzidos pelo poder. Comprar estes oportunistas pelo valor de face pode custar muito caro para nossa sociedade.
*Márcio Coimbra é coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília.
Com informações da Assessoria de Imprensa Instituto Presbiteriano Mackenzie.