Por Henrique Carbonell*
A partir da primeira semana de janeiro, os empresários brasileiros terão que trabalhar até os primeiros dias de março para pagarem os impostos e taxas inerentes à operação de seus negócios. É um número elevado, sem dúvida. Contudo, mais do que o valor financeiro a ser pago, a preocupação também passa pela quantidade e diversidade dos impostos no Brasil. A maioria das empresas não consegue dar conta dos prazos e vencimentos dos diferentes tributos federais, estaduais e municipais – uma situação ainda mais delicada para quem vende a estados diferentes de onde está instalado. É preciso se planejar e apostar em soluções tecnológicas para evitar o desperdício financeiro nesses casos.
A estimativa acima foi divulgada pelo Banco Mundial no relatório Doing Business 2020: são necessários 62 dias e meio para as empresas pagarem seus impostos no Brasil. A média desse tempo entre os países mais ricos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico equivale a 10,5% do total gasto no Brasil – na América Latina e Caribe, nossos vizinhos regionais, o tempo médio representa apenas 21%. A situação exemplifica o peso do sistema tributário nacional. Ainda que o Brasil possua a 15ª maior carga de tributos em todo o mundo, é o que devolve o menor índice de retorno de bem-estar à sociedade. Em suma: pagamos muito caro e não vemos esse valor ser transformado em vantagens na sociedade.
A diversidade de tributos e impostos acaba confundindo a cabeça dos empresários. É praticamente uma salada de siglas, cada uma delas com suas próprias alíquotas e algumas diferentes de Estado para Estado. Vejamos alguns exemplos: um varejo que deseja operar em determinado Estado precisa pagar o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), cuja alíquota varia de acordo com o produto comercializado (de 7% a 30% no Estado de São Paulo). O valor, contudo, também varia de acordo com o destino de venda: é preciso pagar imposto de acordo com a alíquota do Estado onde está o consumidor.
Há ainda o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o regime tributário de acordo com o tamanho da empresa, Previdência Social (INSS), o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), entre tantos outros. A lista é grande e, por isso, a confusão é comum. Imagine, por exemplo, recolher um ICMS maior do que a alíquota estipulada pelo Estado de destino? Ou então esquecer de pagar um deles e ter que arcar com multas e cobranças? Pois é, o prejuízo para os varejistas pode ser muito maior do que a carga tributária.
Para dar conta de tudo isso, dois itens são essenciais na gestão financeira de qualquer negócio, principalmente dos pequenos e médios varejistas (que acabam acumulando funções). O primeiro deles, evidentemente, é montar um planejamento capaz de identificar as datas de vencimentos e os recursos necessários de cada imposto ou tributo, entregando uma visão completa ao gestor. Entretanto, fazer isso de forma manual é cansativo e custoso – o que leva ao segundo ponto. Hoje já existem ferramentas tecnológicas que auxiliam os empresários nessa tarefa, consolidando transações e documentos. Assim, fica mais fácil localizar os desperdícios e evitar o pagamento excessivo de taxas.
Em um mundo impactado pela pandemia da Covid-19, com os varejistas se desdobrando para continuarem operando e vendendo, identificar e reduzir estes gastos desnecessários é um passo importante para manter a rentabilidade. Hoje, os empresários prezam pela eficiência operacional e digitalização de processos – e não há nada mais importante e necessário em uma empresa do que digitalizar e ter maior eficiência na gestão dos pagamentos de seus impostos e tributos. Com isso, nem mesmo a carga tributária pesada consegue impedir o crescimento de seu negócio a longo prazo.
* Henrique Carbonell é sócio-fundador da F360°, empresa especializada em sistema de gestão financeira com conciliação automática de vendas por cartão para o pequeno e médio varejo