Por Luís Toscano*
O momento delicado de incerteza econômica causado pela pandemia da Covid-19 fez com que muitos brasileiros perdessem seus empregos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já são 14,4 milhões de pessoas desempregadas e, com isso, muitas delas passaram a ter dívidas. Dados da Serasa revelam que, de fevereiro para março deste ano, o número de inadimplentes foi de 1 milhão no país, chegando ao número de 62,56 milhões de pessoas. A Serasa ainda apurou que os gastos com maior incidência envolvem cartão de crédito e contas básicas, como água e luz.
Os dados mostram o verdadeiro cenário da economia brasileira e o grande dilema de milhares de famílias: como organizar as finanças pessoais, ou mesmo economizar, quando a garantia do básico já é um grande esforço? Posso afirmar que com muita organização e mantendo um objetivo em mente é possível economizar com os principais gastos.
O primeiro passo é estabelecer mudança de hábitos, rever comportamentos e criar uma nova rotina, acompanhar gastos – já existem diversas planilhas disponíveis gratuitamente na internet e também alguns aplicativos que auxiliam a ter essa organização periódica e mais detalhada -, para, então, pensar na mudança. No começo, não será nada fácil, mas fazendo isso, o próximo passo será identificar as principais dívidas e, garanto, que é possível conseguir bons acordos a partir de negociações.
Também, é importante traçar objetivos e conversar com todos os integrantes da família. Escreva esses objetivos em algum lugar, na própria planilha de gastos, por exemplo, para que tenha uma visualização do planejamento sempre que for inserir algum gasto. É fundamental definir por etapas, considerando o curto prazo, conquistas possíveis em algumas semanas, ou meses; o médio prazo, de um a dois anos; e, por fim, a longo prazo, de três a cinco anos.
Em seguida, é preciso categorizar os gastos, listando os custos fixos, gastos pagos mês a mês, como as contas de água, luz, aluguel (caso não seja proprietário do seu imóvel), condomínio, alimentação e internet. A partir daí, basta identificar as despesas extras do dia a dia. Neste início, é preciso listá-las, justamente porque são elas que fazem estourar as finanças. Caso tenha sobrado 10% do salário, é sinal de que está indo bem, mas ainda pode melhorar.
Com essas medidas, você saberá exatamente o quanto entra e o quanto sai do seu orçamento mensal e conseguirá verificar o percentual gasto em cada uma delas. No entanto, se tem o costume de gastar mais do que ganha, é preciso tomar uma atitude o quanto antes para se livrar de vez das dívidas e atingir seus objetivos. Caso não perceba a redução dos gastos, vale considerar atitudes mais radicais, como diminuir o limite do cartão de crédito, ou até mesmo sair apenas com dinheiro em espécie, para garantir mais controle.
Ao colocar essas ações em prática, além de se livrar de vez das dívidas, poderá planejar uma reserva de emergência, especialmente nesse momento de incerteza econômica que, infelizmente, não sabemos quanto tempo ainda vai durar. Uma vida financeira saudável também permitirá a utilização do dinheiro em algo mais relevante para você e sua família, além de buscar alternativas de investimentos que tragam uma renda extra, ou mesmo façam o seu dinheiro render.
*Luís Toscano é vice-presidente de negócios da Embracon