Por João Baptista Peixoto Neto*
ESG talvez seja a sigla mais popular do mercado de capitais atualmente. A menos que você tenha dormido por toda a última década, com certeza já deve ter ouvido falar dos princípios Environmental, Social and corporate Governance (ambiental, social e governança corporativa), que há anos são seguidos nas grandes empresas de capital aberto, mas que de uns tempos para cá também entraram na agenda das PMEs (pequenas e médias empresas) e, claro, das startups, sempre conectadas às últimas tendências.
A agenda ESG não está mais restrita a alguns programas pontuais, que muitas vezes ganham destaque apenas nos relatórios de sustentabilidade. Hoje, ela faz parte das estratégias e das rotinas das grandes empresas, que se preocupam com os impactos de toda a sua cadeia produtiva na sociedade, desde a escolha de fornecedores de insumos que atendam aos mesmos princípios até o contínuo engajamento de todos os stakeholders (partes interessadas), visando à diminuição dos impactos ambientais e à contribuição efetiva para a redução de desigualdades sociais e ao cumprimento de normas e leis (compliance). Um levantamento realizado pela AmCham Brasil (Câmara Americana de Comércio) com 178 líderes de empresas e startups em operação no Brasil mostrou que 95% estão engajados com políticas sustentáveis e 68% já enxergam benefícios diretos no negócio vindos da agenda ESG.
E essa cobrança vem principalmente das novas gerações. A pesquisa “Construindo Nosso Futuro”, realizada em junho deste ano com 1.100 jovens pela consultoria Eureca – em parceria com o Davos Lab e o Global Shapers e ligada ao Fórum Econômico Mundial – , revelou que 85% acreditam que organizações públicas e privadas devem se responsabilizar por instituir padrões de éticas sociais, ambientais, de governança e de tecnologia na sociedade. Para 44% desse público, com idade média de 28 anos, as causas sociais e ambientais ajudarão inclusive a decidir o voto político e 53% responderam que bancos e instituições financeiras devem parar de apoiar a expansão de combustíveis fósseis. Esses jovens não são futuros líderes corporativos e investidores, são, no presente, um agente de pressão por mudanças. Combinar essa agenda com a rentabilidade buscada por quem investe é essencial e possível.
Essa relação já está sendo comprovada: tanto para os grandes investidores institucionais quanto para o varejo, a relação entre os princípios ESG e melhores retornos financeiros em longo prazo já estão claros. Quanto mais alinhada à cultura da inclusão social, da transparência corporativa e do combate ao desperdício e degradação ambiental, maiores são as chances de a empresa prosperar.
Um estudo realizado no primeiro semestre de 2020 pelo banco de investimentos Morgan Stanley mostra que fundos com características ESG tiveram melhor desempenho que os tradicionais no auge da paralisação econômica causada pela pandemia da Covid-19. Na média, fundos de ações ESG ficaram 3,9% acima dos fundos de ações tradicionais. Já na renda fixa, os “fundos verdes”, como têm sido chamados, tiveram resultados 2,3% mais favoráveis.
Segundo a Bloomberg, em 2020, os investimentos ligados à agenda ESG chegaram a US$ 38 trilhões no mundo, devendo alcançar US$ 53 trilhões até 2025. Uma boa parte dessa cifra deve vir do Brasil. Grandes instituições já estão lançando fundos de investimento voltados a ativos ESG.
Na Ouro Preto Investimentos também estamos nesse caminho. Em breve lançaremos um novo fundo de direitos creditórios (FIDC), para investidores qualificados, com foco em empresas brasileiras que desenvolvem soluções na área de eficiência energética. São novas tecnologias que proporcionarão uma redução de até 50% na conta de eletricidade de empresas das mais diversas áreas, incluindo indústrias e grandes companhias comerciais, como redes de supermercados, shopping centers e hospitais. Esses são os setores que utilizam a maioria da energia gerada no Brasil: 53,3%, segundo o Balanço Energético Nacional de 2020 produzido pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética, vinculada ao Ministério de Minas e Energia). A quantidade é quase duas vezes maior que o consumido pelas residências, 26,1%.
Por isso, acreditamos que apoiar iniciativas nesse setor são fundamentais para um futuro mais verde. Futuro, não. Presente.
*João Baptista Peixoto Neto é proprietário da Ouro Preto Investimentos