Educação

ARTIGO - Movimentos dos grandes grupos educacionais confirmam consolidação do setor no Brasil

Maiores players do mercado começaram 2021 dando sinais claros de suas estratégias e dos planos de foco no core business

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Por César Silva*

A movimentação do setor de Educação para preencher as lacunas do ensino básico revela que os desafios estão só começando. Obstáculos trazidos pelo isolamento escancaram a necessidade de novos olhares para repensar a educação. E isso requer aplicação de recursos tecnológicos em toda e em qualquer etapa do processo.

É fato que a Covid-19 e seus efeitos, totalmente desconhecidos, exigiram ações criativas e muito ágeis das equipes gestoras das instituições de ensino. Nesse cenário, algumas instituições cumpriram seu papel ao se adaptar rapidamente, permitindo o acesso ao conteúdo num modelo híbrido, por meios físico e digital.

Também estudaram estratégias e capacitaram professores para seleção e curadoria desses conteúdos, assim como para sua disseminação. Assim, conseguiram ganhar tempo à espera de dias melhores e se ajustaram à nova realidade, com perdas significativas de alunos matriculados.

Os maiores players do mercado, por sua vez, já estabilizados no segmento do ensino superior, além de outros naturais da educação básica, começaram o ano de 2021 dando sinais claros de suas estratégias e de seus planos de foco no core business para assegurar eficiência e expansão tanto geográfica quando no volume de alunos.

Os drivers do negócio educação são sempre os mesmos; volume de alunos por unidade; volume de alunos por curso; volume de alunos por série; e volume de alunos por sala. E isso fica mais evidente quando a operação presencial precisa ser distribuída ao longo da semana e com atividades remotas incorporadas ao modelo de oferta oficial.

As principais operações

É nesse contexto que o Eleva deixa para a Saber, do Cogna Educação, os seus sistemas de ensino, com cerca de 200 mil alunos, para receber em troca dezenas de escolas com diversas marcas reconhecidas nos locais onde estão instaladas.

O mesmo ocorre com o grupo Arco Educação, dona do braço educacional da Positivo, que comprou dois dos sistemas de ensino da britânica Pearson: COC e Dom Bosco. O valor da compra foi de R$ 920 milhões. As duas plataformas possuem 201 mil alunos. Com o negócio fechado, a Arco ganha uma maior fatia de mercado, consolidando sua liderança frente à Cogna (que também estava interessada na compra das duas marcas da Pearson).

Dessa forma, a Pearson abandona a educação propedêutica com metodologia de ensino e deve se voltar a estrutura de conteúdos de apoio e complementares, desde laboratórios digitais a acervo de suas bibliotecas digitais.

Ambas as negociações ainda aguardam aprovação do Conselho Administrativo de Defesa do Consumidor – CADE, o que dá tempo para que os gestores das escolas particulares isoladas, de pequenos grupos, se preparem para a nova realidade de mercado que se estruturará no pós-pandemia, com os gigantes do setor dispostos a colocar mais compras em seus carrinhos.

Se preparar para essa nova realidade, buscando novas metodologias e estratégias de diferenciação, é fundamental para a subsistência das instituições de ensino.

* César Silva é diretor Presidente da Fundação de Apoio à Tecnologia (FAT) e docente da Faculdade de Tecnologia de São Paulo – FATEC-SP há mais de 30 anos.