Por José Rocha*
O leilão do 5G abre uma janela de oportunidades para o Brasil. Em todas as áreas, os benefícios da nova tecnologia prometem impactos positivos na economia nacional ao longo dos próximos anos. Um dos setores beneficiados deve ser o agronegócio.
Segundo declarações feitas à imprensa pelo ministro das Comunicações Fábio Faria, o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio deve crescer cerca de 10% nos próximos anos com o 5G, o que provocará impactos positivos em toda a economia nacional.
Assim como vai ocorrer nas cidades, a quinta geração de internet móvel deverá provocar uma revolução no campo. A agricultura de precisão fará parte do dia a dia em todo o ciclo agropecuário.
Podemos citar como exemplo os processos de irrigação, que serão muito mais precisos e pontuais, economizando e utilizando de maneira mais racional os nossos preciosos recursos hídricos.
Milhares de sensores agropecuários e de rastreamento de animais devem ser instalados a partir do momento em que o 5G começa a tornar-se realidade no campo.
Com a chamada internet das coisas (IoT), que permite a conectividade entre dispositivos e pessoas, a gestão das fazendas seguirá critérios rígidos e com precisão que vão permitir aumento exponencial da produtividade e da redução de perdas.
Drones poderão, por exemplo, aplicar defensivos de maneira cirúrgica e minimamente invasiva nas plantações. Rebanhos inteiros serão monitorados por tecnologia que alertará casos de anormalidades em mensagens em tempo real para o smartphone do produtor. E muitas outras coisas, em um universo de novidades que começa a se abrir diante dos nossos olhos.
Assim, o 5G também abre caminho para a chamada indústria 4.0. Também chamada de Quarta Revolução Industrial, ela engloba um amplo sistema de tecnologias avançadas como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem que estão mudando as formas de produção e os modelos de negócios no Brasil e no mundo.
E isso, claro, deve provocar impactos significativos na otimização da nossa produção no campo. Com muita antecedência o produtor vai conseguir saber, por exemplo, as expectativas da safra e negociar na bolsa de futuros sabendo exatamente o quanto ele e os demais produtores vão colher de soja ou milho.
Não podemos esquecer, claro, a necessidade de desenvolver todo o ecossistema relacionado ao 5G, como os dispositivos móveis e aplicativos que vão auxiliar na tomada de decisões por parte do produtor e de toda a cadeia envolvida no agronegócio.
O futuro, sem dúvida, é promissor para o setor que responde por quase 30% do PIB nacional. Mas o impacto imediato mais aguardado pelo 5G é a própria expansão da internet no campo.
Atualmente, a cobertura de internet atinge apenas 23% nas áreas rurais. Estudos da Universidade de São Paulo (USP) mostram que a melhoria do sinal 4G, 3G e 2G na conectividade rural poderia incrementar em 4,5% o Valor Bruto de Produção (VBP) da agropecuária, gerando R$ 1 trilhão neste ano.
A boa notícia é que os contratos que serão assinados com as empresas vencedoras para explorar a nova tecnologia estabelecem contrapartidas no sentido de expandir de maneira gradual as redes 3G e 4G em pequenas localidades e ao longo das rodovias no interior do país.
Logo, temos muito a comemorar com o leilão da tecnologia 5G concluído pelo governo federal. Como mencionado no início deste artigo, trata-se de uma janela de oportunidades que se abre para o Brasil. Mas o sol deve entrar nessa janela para todos.
*José Rocha, sócio da EY e líder de consultoria para Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações (TMT).