Por Eduardo Nunes*
É cada vez mais comum a adoção da transformação digital e da digitalização nos mais diversos setores econômicos. Baseada no conceito de Seguro 3.0, a tecnologia tem se tornado uma grande aliada, também, para o crescimento do mercado de seguros no Brasil.
Mesmo durante um ano conturbado em decorrência da pandemia da Covid-19, dados recentes da Confederação Nacional das Empresas de Seguros (CNseg) apontam que, somente no primeiro trimestre de 2021, o setor segurador arrecadou cerca de R$ 130 bilhões – valor 8,7% superior ao mesmo período de 2020.
Parte deste crescimento deve-se ao fato da ampliação do uso de ferramentas tecnológicas, que dão suporte aos processos e aprimoram os recursos disponíveis para o desenvolvimento das companhias deste setor.
Neste sentido, esta atualização está diretamente relacionada ao conceito de Seguro 3.0, que direciona a transformação digital dentro deste mercado. Mas, para entendermos este conceito, é importante darmos dois passos atrás na evolução das seguradoras no Brasil.
A origem do conceito 3.0
Para que exista o Seguro 3.0, existiram outros dois marcos na história do mercado de seguros no Brasil.
O primeiro foi a chegada das companhias inglesas, no século XIX, que deram início a este setor, e que hoje é um dos mais consolidados do país.
O segundo marco, que podemos entender como Seguro 2.0, teve início com a regularização do mercado, como a criação da Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), por exemplo, e prolongou-se até a revolução tecnológica que vivemos hoje, com a expansão da internet, comércio eletrônico e o surgimento das insurtechs.
Diante deste cenário, o Seguro 3.0 surge como um conceito inovador, com objetivo de difundir a aplicação de tecnologias e transformar a maneira como as seguradoras oferecem produtos e serviços aos consumidores.
De um modo geral, estas ferramentas possibilitam a criação de serviços personalizados e adequados aos clientes, com melhor preço para a seguradora e o menor para o usuário.
Se levarmos em consideração os produtos e serviços oferecidos pelas seguradoras hoje, os preços e as demais características do contrato são baseados em informações pré-existentes em um portfólio da própria empresa, alinhados a informações básicas sobre o contratante.
Neste sentido, quando um seguro automotivo é contratado, por exemplo, a base de dados é referente às informações sobre o veículo, como marca, modelo e percentuais referentes a roubo, bem como endereço, região, idade e tempo de habilitação do motorista.
Ou seja, a oferta de seguro é realizada em função de experiências da companhia e não, necessariamente, do cliente.
Com o Seguro 3.0 esse papel se inverte e o planejamento é baseado em dados aprofundados sobre o contratante. Isto é possível graças as inovações tecnológicas, que possibilitam a análise do grande volume de dados existentes e que antes não eram aproveitados pelas empresas.
Isto é, os serviços passam a ser mais adequados às especificidades do cliente e não da seguradora, os preços passam a ser menores para os clientes, bem como melhores para as empresas, uma vez que elas conseguem diminuir os riscos utilizando uma base dados mais precisa, conhecendo os hábitos e aquilo que o segurado utiliza dentro dos serviços que estão sendo contratados.
Seguro 3.0 x Open Insurance
No mercado financeiro, o avanço tecnológico possibilitou a implementação de processos inovadores como Pagamentos Instantâneos (PIX) e, mais recentemente, o início do Open Banking.
Nesta mesma linha de compartilhamento de dados, o mercado de seguros já se movimenta para a aplicação desta nova tendência com o surgimento do Open Insurance, que está sendo regulamentado pela SUSEP.
Open Insurance não diz respeito apenas a um conceito que explica e demarca um momento de desenvolvimento tecnológico dentro do setor segurador.
Trata-se de uma ferramenta que está sendo desenvolvida e regulamentada com um conjunto de regras e determinações e que, por meio de API’s (Application Programming Interface), possibilitará a obtenção e o compartilhamento de dados e informações sobre os clientes de uma forma segura, sincronizada e estruturada, a partir, é claro, do consentimento ou solicitação deste usuário.
Desta forma, o Seguro 3.0 e o Open Insurance, mesmo que diferentes, contam com uma intersecção e isto mostra que o futuro do setor converge para um único ponto: o suporte da tecnologia para o desenvolvimento do mercado de seguros.
Diante deste cenário, para que consigam se manter competitivas, as seguradoras deverão investir em inovação, recursos de inteligência artificial e digitalização, com objetivo de tomar decisões mais assertivas e oferecer produtos e serviços personalizados, que atendam as demandas deste novo mercado.
*Eduardo Nunes é consultor de Tecnologia da Informação da Provider IT, uma das principais consultorias e provedoras de serviços de TI do país.
*Com informações de EPR Comunicação Corporativa.