Por Marcos Antônio de Andrade*
A retomada do setor varejista tem ocorrido de forma rápida, por conta dos movimentos realizados pelo governo que, mesmo de forma precária, possibilita a manutenção de renda e continuidade do consumo de bens essenciais como alimentos, medicamentos, produtos de limpeza e higiene.
Os programas emergenciais ainda permanecem como indicador relevante para explicar a manutenção e tendência de consumo, além de sustentar renda mínima para aquisição de alimentos, especialmente de arroz, feijão, derivados de trigo e leite.
No entanto, os indicadores econômicos apresentam uma expectativa clara de expansão de produção e vendas de bens duráveis, como móveis, eletrodomésticos e materiais de construção.
Esse movimento pode ser explicado devido a possibilidade de flexibilização e renegociação de crédito, bem como a mudança significativa do comportamento de consumo das famílias durante o período de pandemia.
Em 2021, as projeções de diversos segmentos da indústria indicam significativo aquecimento, suportado por demandas do mercado externo, além da expressiva demanda do mercado internacional pelas commodities brasileiras.
O mercado sinaliza que o crescimento da produção industrial em 2021 deve ser de até 5,00%, ante queda de 4,5% observada no exercício de 2020.
A retomada da demanda por mão de obra deve ditar o ritmo da indústria de bens de consumo, bem como impulsionar a produção de produtos manufaturados e semimanufaturados destinados à exportação.
Este otimismo é ratificado após registro de recuperação do comércio em datas comemorativas como Dia das Mães e expectativa positiva para o Dia dos Namorados.
O agronegócio registra papel importante, neste contexto, porque além de contribuir para impulsionar a demanda doméstica, representa crescentes indicadores nas atividades de comércio exterior, com resultados expressivos na produção agrícola e pecuária. Movimento este favorecido pela depreciação do Real, o que beneficia ganhos e rendas expressivas para as empresas exportadoras, mas pressiona de maneira perigosa a inflação no mercado externo.
O setor de serviços, como esperado, enfrenta expressiva dificuldade para retomar suas atividades, a flexibilização parcial do comércio não é suficiente para atenuar o impacto negativo causado pelos períodos de isolamento em diversos estados e municípios. As paralisações e perdas desse setor foram mais longas e significativas do que das demais atividades, resultando em um efeito econômico negativo importante.
Os serviços prestados às famílias, como turismo, cabeleireiros e restaurantes ainda são os mais afetados, mas com perspectiva de retomada gradual. Em outra direção, os serviços de tecnologia de informação e comunicação estão mais aquecidos do que antes da pandemia. O trabalho remoto e avanço do e-commerce estão exigindo significativos investimentos nessas áreas.
O e-commerce vem sendo um importante impulsionador das vendas de vestuário, calçados e até mesmo veículos e combustíveis, esse movimento vem sendo significativamente incentivado pelas condições de financiamento e redução das taxas de juros disponibilizadas no mercado.
A transformação digital saiu da teoria e foi para prática em quase todos os segmentos do varejo, atingiu de forma significativa setores importantes como materiais de construção e supermercados.
Apesar do cenário instável e mesmo operando abaixo de sua capacidade, o setor de serviços deve mostrar sinais efetivos de recuperação ainda no primeiro semestre, com expectativa de crescimento para o setor em torno de 6% durante o exercício de 2021 – depois de registrar queda de quase 8% em 2020.
Ao longo de 2021, à medida que os setores da indústria e serviços retomem gradativamente sua capacidade de produção e superem seus problemas de competitividade que limitam seu crescimento, será possível projetar se o exercício de 2021 trará efetivos indicadores que permitem reduzir de forma significativa as incertezas, além de projetar significativa evolução da economia, principalmente no setor varejista.
*Marcos Antônio de Andrade é mestre, pós-graduado e graduado em Administração, com habilitação em Comércio Exterior. É pós-graduado em Finanças. É professor na Universidade Presbiteriana Mackenzie na área de Ciências Sociais Aplicadas nos cursos de Administração e Comércio Internacional.
Com informações da Assessoria de Imprensa Instituto Presbiteriano Mackenzie.