Por Alexandre Hoeppers*
O local de trabalho é o lugar em que passamos a maior parte do nosso dia. Tanto de maneira presencial como no home office, nossas atividades envolvem o convívio com outras pessoas, decisões em conjunto, debates e até mesmo posicionamentos divergentes.
E as divergências podem ser muito saudáveis, pois auxiliam na construção dos objetivos em comum para todos. Olhares diferentes são valiosos na construção de novas soluções.
O importante é que essa troca de ideias e experiências, assim como nossas próprias condutas no dia a dia do trabalho, sejam sempre pautadas pelo respeito entre todas as partes envolvidas.
O grande desafio dos comitês de ética formados nas empresas é justamente trabalhar para garantir que as boas condutas e princípios éticos da corporação sejam aplicados em todas as etapas de produção e no relacionamento entre as pessoas.
Não é uma tarefa simples. Mas é essencial para o bom funcionamento de todas as engrenagens que movem uma companhia, já que o bem mais precioso de qualquer corporação é o seu capital humano.
Cabe aos comitês de ética receber e analisar reportes de supostos procedimentos incorretos e desvios de conduta praticados por funcionários.
Não apenas as condutas que possam prejudicar diretamente a empresa, como uma denúncia de corrupção, por exemplo, mas também possíveis condutas que possam prejudicar os próprios funcionários, como assédio moral e sexual, discriminação e racismo.
A melhor maneira de evitar esse tipo de problema é investir na prevenção.
Palestras, cursos, treinamentos intensivos e todo tipo de orientação sobre normas e condutas corretas são bem vindas e devem ser oferecidos de forma constante a todos os funcionários, mas sempre de uma maneira leve, segura e eficiente.
Assim, todos vão ter a percepção de que “vestir a camisa da empresa” também é carregar consigo todos os seus valores éticos e de respeito ao próximo, seja o seu colega de trabalho, o cliente ou mesmo todas as pessoas do seu convívio.
Mas nem sempre a prevenção funciona e denúncias são levadas aos comitês de ética. Nesse caso, o grande desafio dos integrantes do comitê é receber e analisar a denúncia de forma justa e isenta.
Para isso, quanto mais diverso for esse comitê, melhor será a condução do processo. Criar métricas e projetos específicos para avançar em diversidade e inclusão têm se tornado tarefa fundamental dentro das organizações. É essencial que esse movimento se reflita nos comitês de ética.
Por ser a instância que orienta, educa, acompanha e investiga situações que envolvem profissionais da empresa, é importante que eles tenham a pluralidade necessária para conduzir corretamente todas as situações que cheguem vias canais de comunicação internos.
Além da pluralidade e diversidade, os membros dos comitês também devem ser treinados sobre quais situações são toleráveis e quais não são.
Aqui vale muito aquele conceito que aprendemos em casa e na escola: atitudes firmes no sentido de orientar não são erradas, desde que sejam acompanhadas de gentileza e respeito ao próximo. A boa comunicação é uma ferramenta preciosa em qualquer ambiente corporativo.
Por fim, é importante que esse comitê esteja muito afinado com a área de recursos humanos e que as organizações tenham outros grupos de trabalho direcionados ao debate de questões específicas de diversidade e inclusão, como por exemplo, gênero, raça, deficiências, orientação sexual, diversidade etária, religião e outras diferenças.
Dessa maneira, o comitê de ética pode atuar em conjunto com determinado grupo quando surgir um caso que necessite um olhar mais direcionado.
Se o local de trabalho é onde passamos a maior parte do nosso dia, é nosso papel não medir esforços para seja um ambiente agradável, inclusivo, diversificado e, acima de tudo, que promova a justiça e o bem estar para todos.
*Alexandre Hoeppers, líder do comitê de ética e conformidade da EY.