Segunda-feira difícil

ARTIGO - Ruídos internos e movimentações na política internacional empurraram o Ibovespa para baixo

Dados fracos da China, o retorno do Talibã ao poder no Afeganistão e a dificuldade de aprovação da reforma do imposto de renda preocupam investidores

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Por Allan Augusto Gallo Antonio*

O principal índice de ações da bolsa de valores de São Paulo, o Ibovespa, fechou em queda na última segunda-feira, 16 de agosto, em função de fatores de ordem interna e externa, que abalaram a confiança dos investidores.

O índice terminou o pregão em queda de 1,66%, aos 119.180,03 pontos. Nos pontos mais baixos ao longo do dia o Ibovespa recuou 2,07%, atingindo preocupantes 118.684 pontos. Assim, devolvendo praticamente integralmente os ganhos acumulados em 2021 com uma queda de mais de 9% em comparação ao mês de junho.

Existem alguns pontos que empurraram o Ibovespa para baixo e que merecem a atenção dos analistas e investidores:

A produção industrial chinesa e as vendas no varejo perderam o ritmo que se esperava devido aos alegados novos surtos de covid-19 e aos desastres naturais que acabaram afetando as trocas comerciais.

Segundo dados do Governo de Pequim, a indústria nacional cresceu apenas 6,4%, sensivelmente abaixo dos 8,3% de junho e significativamente abaixo dos 7,8% aguardados pelo mercado internacional.

As vendas do comércio, por sua vez, tiveram um crescimento de apenas 8,5%, contra os 12,1% do mês junho e muito abaixo dos 11,4% estimados pelo mercado.

Os números abaixo do esperado relativos ao crescimento chinês sinalizam aos investidores que a recuperação da crise econômica, desencadeada pelas medidas restritivas dos governos durante o combate a pandemia, está longe de terminar.

O retorno do Talibã ao poder no Afeganistão também mexe com o Ibovespa, pois devido às turbulências no tabuleiro geopolítico, as bolsas no mundo também caminharam para uma queda.

Essa instabilidade política internacional, somada aos dados ruins da economia chinesa, acabaram por empurrar o preço do petróleo para baixo. Desse modo, uma vez que a Petrobrás é um dos principais ativos que compõe o índice, não é difícil entender a queda do índice da B3.

A dificuldade de aprovação da reforma do imposto de renda no Brasil também teve seu papel na queda do Ibovespa, já que os agentes do mercado financeiro continuam desconfortáveis com a falta de clareza das questões fiscais.

O texto original apresentado pelo governo não foi bem recebido desde o início, pois havia previsão de tributação dos dividendos e fundos imobiliários.

Nesse sentido, vale lembrar, que no início de julho, com a apresentação de uma reforma repaginada por parte do relator da reforma Deputado Celso Sabino, o Ibovespa havia retornado 128 mil pontos – o que confirma a correlação entre a queda do índice e a recepção de uma reforma mais leniente com os investidores.

*Allan Augusto Gallo Antonio, formado em Direito e Mestre em Economia e Mercados, é analista do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica.

*Com informações da Assessoria de Imprensa Instituto Presbiteriano Mackenzie.