Economia

Ata do Copom: como especialistas avaliam?

Comitê divulgou nesta terça-feira (22) ata da reunião que elevou a taxa Selic a 11,75%

Ibovespa hoje: Vale (VALE3), Suzano (SUZB3) e CSN Mineração (CMIN3) são destaques positivos - Pixabay
Ibovespa hoje: Vale (VALE3), Suzano (SUZB3) e CSN Mineração (CMIN3) são destaques positivos - Pixabay

Em meio a um cenário conturbado internacional com a guerra entre Ucrânia e Rússia, o Copom divulgou nesta terça (22) a ata da última reunião realizada na semana passada, em que decidiu, mais uma vez, elevar a taxa Selic. Com o aumento, a taxa passa a 11,75% ao ano, o maior patamar desde abril de 2017.

João Beck, economista e sócio da BRA, acredita que a ata não trouxe novidades em relação ao comunicado, mas reforça os pontos já destacados como uma visão altista para inflação com as pressões da guerra, sinalizando uma inflação mais persistente do que o antecipado.

“O tom da ata continua considerando a atividade e o mercado de trabalho em processo de recuperação acima do esperado, ou seja, reforça os dados do PIB do quarto trimestre ao invés de considerar dados de prazos mais recentes de desaceleração da atividade. Mesmo assim, o tom é de que o Copom deve fazer mais uma alta de mesma magnitude, e que pode encerrar o ciclo já neste próximo encontro caso os dados indiquem um processo inflacionário semelhante ao cenário alternativo projetado”, explica.

Para os economistas do Banco Original,  Marco Caruso, Lisandra Barbero e Eduardo Vilarim, a Ata da última decisão do Copom muda pouco o entendimento sobre as intenções e os riscos implícitos nas intenções do comitê.

Segundo eles, o documento reforça a visão de que o cenário base é chegar em uma Selic em 12,75% na próxima reunião e, a princípio, por lá parar.

"Contudo, os cenários de inflação descritos pelo colegiado voltam a deixar a decisão vinculada ao caminho do preço do petróleo – mesmo que o livro-texto sugira olhar apenas para eventuais transbordamentos para outros preços. Seu cenário base (12,75%) pressupõe um Brent mais próximo de US$ 100/barril; descolamentos o levariam a estender o ciclo", observam os economistas.

Segundo a análise do Bradesco BBI, a ata do Banco Central foi clara em sua mensagem de uma taxa final em 12,75% e, para minimizar as incertezas à frente, quer chegar a esse nível mais rápido do que o esperado, por meio de uma alta final de 100bps na reunião em 4 de maio.

Entretanto, dada a inflação em alta e o cenário incerto, “continuamos acreditando que o BC precisará fazer um ajuste adicional de 50bps após a reunião de maio, levando a taxa Selic a 13,25%”.