Agenda Econômica

Ata do Copom, IPCA, dados da China e dos EUA: veja os principais assuntos que movimentam a semana

Os preços da energia também continuarão em foco, em meio ao iminente embargo da UE ao petróleo russo

- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve
- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve

Por Noreen Burke e Jessica Bahia Melo, da Investing.com – Os mercados de capitais foram abalados na semana passada, depois que o Federal Reserve entregou a alta dos juros de meio ponto percentual amplamente antecipada e sinalizou movimentações semelhantes nas próximas reuniões enquanto combate a inflação em escalada, e pode haver mais volatilidade em estoque se os dados de inflação de quarta-feira forem mais altos do que o esperado.

Os investidores também estarão concentrados nos discursos de vários dirigentes do Fed durante a semana.

A China vai anunciar os dados sobre o comércio e a inflação que serão observados de perto, enquanto os dados do PIB do Reino Unido provavelmente indicarão para uma desaceleração do crescimento.

No Brasil, os olhos se voltam para os dados de inflação, com a perspectiva de deterioração ao longo do ano.

Os preços da energia também continuarão em foco, em meio ao iminente embargo da UE ao petróleo russo.

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana:

1. Dados da inflação dos EUA

Os dados do IPC para abril, agendados para saírem na quarta-feira, irão mostrar se a maior escalada da inflação em mais de 40 anos atingiu o seu pico. A taxa anual de inflação atingiu 8,5% em março, enquanto os preços da gasolina atingem valores recordes.

Os economistas preveem uma taxa anual de 8,1%, mas uma leitura mais forte do que o esperado poderia reforçar o argumento a favor de uma política monetária ainda mais agressiva por parte do Fed.

Os investidores receiam que um aperto agressivo por parte do Fed possa jogar a economia numa recessão.

Também haverá uma sequência de falas dos dirigentes do Fed na próxima semana, incluindo o Presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, o Presidente do Fed de Nova York, John Williams, o Governador do Fed, Christopher Waller, o Presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, a Presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester e a Presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly.

2. Alta volatilidade nos mercados

O Nasdaq e o S&P 500 registraram sua quinta semana consecutiva de quedas na semana passada, e o Dow Jones Industrial Average, a sua sexta.

Foi a maior sequência de perdas do S&P 500 desde meados de 2011 e, no caso do Nasdaq, desde o final de 2012.

"O mercado está focado no Fed estar atrás da curva e é por isso que o mercado está em baixa", disse à Reuters Keith Lerner, estrategista-chefe de mercados e codiretor de investimentos na Truist Advisory Services.

Os mercados precificaram de cerca de 75% de chance uma elevação dos juros de 75 pontos-base na reunião de junho do Fed, apesar do seu presidente, Jerome Powell, ter descartado essa ideia na quarta-feira passada.

A volatilidade do mercado parece que continuará, já que a combinação de um Fed mais agressivo, aumento nos rendimentos dos títulos do Tesouro, além dos riscos geopolíticos, como a guerra na Ucrânia, pesam sobre o sentimento do investidor

3. Dados da China, zona do euro e Reino Unido

A China publica dados sobre o comércio e a inflação na segunda-feira, e revela o impacto dos lockdowns contra a Covid-19 na segunda maior economia do mundo.

Com informações da Reuters, foi possível observar que o crescimento das exportações chinesas desacelerou a um dígito, nível mais fraco em quase dois anos, enquanto que as importações mal mudaram em abril, uma vez que medidas mais duras e amplas contra a Covid-19 afetou a produção em fábricas e a demanda doméstica, ampliando as preocupações econômicas.

As exportações em dólares cresceram 3,9% em abril em relação ao ano anterior, e caíram acentuadamente em relação ao crescimento de 14,7% registrado em março, embora ligeiramente melhor que a previsão dos analistas de 3,2%.

Foi o ritmo mais lento desde junho de 2020.

As importações permaneceram estáveis em relação ao ano anterior, melhorando ligeiramente em relação a uma queda de 0,1% em março e um pouco melhor do que a contração de 3,0% esperada pela pesquisa da Reuters.

Os números fracos mostram que o setor comercial da China, que responde por cerca de um terço do Produto Interno Bruto, perde força à medida que lockdowns em grandes centros como Xangai afetam as cadeias de abastecimento, e aumentam os riscos de uma desaceleração mais profunda na segunda maior economia do mundo.

Os dados mais recentes sobre o índice de sentimento ZEW da Alemanha e os dados preliminares do PIB do primeiro trimestre do Reino Unido irão destacar o dilema que os bancos centrais enfrentam ao tentarem combater a alta dos preços entre preocupações crescentes quanto às perspectivas de crescimento.

Os economistas esperam que o índice ZEW tenha recuado novamente em abril, em relação a um nível que já era o mais baixo desde o início da pandemia, em 2020.

No Reino Unido, espera-se que a economia tenha aumentado 1% no primeiro trimestre, porém a expectativa é que a leitura mensal de março seja estável.

Na semana passada, o Banco da Inglaterra alertou que a Grã-Bretanha corre o risco de enfrentar ao mesmo tempo recessão e inflação acima dos 10%, ao elevar as taxas de juros para 1%, seu maior patamar desde 2009.

Várias autoridades do Banco Central Europeu deverão discursar ao longo da próxima semana, inclusive a presidente Christine Lagarde na quarta-feira (11).

4. No Brasil, foco na inflação

Após uma semana de alta na taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, em 1 p. p. conforme esperado pelo mercado, com objetivo de frear a inflação, os brasileiros voltam o foco nos próximos dias para os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), referente ao mês de abril, que será divulgado na quarta (11).

O IPCA de março atingiu 11,30% em 12 meses, enquanto a projeção para abril é de 12,04%.

A prévia da inflação, o IPCA-15, alcançou 1,75% no último mês, registrando a maior taxa para o período em 27 anos.

Já o último Boletim Focus, divulgado no dia 02 de maio, mostrou a 16ª alta consecutiva das projeções dos economistas consultados pelo Banco Central.

Segundo o relatório, o IPCA deve fechar o ano em 7,89%. Com a retomada da greve dos servidores do BC, não está prevista publicação do Boletim nesta segunda, e não se sabe se a ata do Copom, prevista para terça-feira, pode atrasar.

Com a continuidade da guerra na Ucrânia, lockdown na China e pressões nas commodities, a possibilidade de uma inflação acima de 10% em 2022, pelo segundo ano seguido, entrou no radar dos economistas.

Caso isso ocorra, será a primeira vez, desde o início do Plano Real, que o Brasil terá inflação em dois dígitos por dois anos seguidos.

As projeções da XP Investimentos (SA:XPBR31) são de 7,4%, para 2022 e do banco BNP Paribas (EPA:BNPP) para 10% – o dobro do teto da meta.

Na semana passada, o economista Aldo Mendes, ex-diretor do Banco Central, avaliou que a infação pode beirar 10% neste ano.

A semana também conta com divulgação dos dados de vendas no varejo, vendas de veículos e produção de veículos na terça; confiança do consumidor da Reuters na quarta e crescimento do setor de serviços na quinta.

5. Preços da energia

A União Europeia está prestes a chegar a acordo sobre uma nova rodada de sanções contra Moscou pela invasão da Ucrânia, que incluiria um embargo gradual ao petróleo russo, que constitui mais de um quarto das importações da UE.

A iniciativa irá lançar as refinarias europeias para uma corrida em busca de novos fornecedores de petróleo bruto, deixando os motoristas com gastos mais altos na bomba, num momento em que a crise do custo de vida está a apertando os consumidores a nível mundial.

A proibição iminente fez os os preços do petróleo WTI subirem cerca de 5% na semana passada, enquanto o Brent avançou quase 4%, já que a perspectiva de restrições no fornecimento ofuscou as preocupações quanto as perspectivas da economia global.

"A curto prazo, os fundamentos do petróleo são otimistas, e são apenas os temores de uma desaceleração econômica no futuro que nos fazerem recuar", disse à Reuters Phil Flynn, analista do Price Futures Group.

A Reuters contribuiu para este artigo.