Agenda Econômica

Atas do Fed e do BCE, Rússia-Ucrânia e Petrobras: os assuntos que movimentam a semana de 4 de abril

Preocupações sobre o impacto econômico de uma política monetária mais rigorosa e problemas na indicação a cargos na Petrobras (PETR4) preocupam investidores

- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve
- Jerome Powell, presidente do Federal Reserve

Por Noreen Burke e Ana Beatriz Bartolo, da Investing.com – O destaque da próxima semana será a ata de quarta-feira da reunião de março do Federal Reserve, que será destrinchada em meio a expectativas generalizadas de uma alta de meio ponto percentual nas taxas de juros no próximo mês.

Além das preocupações sobre o impacto econômico da política monetária mais rigorosa, os desdobramentos da guerra na Ucrânia continuarão a estar no centro das atenções.

Embora as ações americanas tenham ignorado os temores quanto à perspectiva de crescimento, o mercado de títulos emite sinais de alerta.

O Banco Central Europeu também publicará sua ata, enquanto o Banco da Reserva da Austrália tem reunião agendada.

Enquanto isso, os preços do petróleo continuarão em destaque após sua queda semanal mais acentuada em dois anos e há novos problemas na indicação do novo presidente do Conselho da Petrobras.

Aqui está o que você precisa saber para começar a sua semana:

1. Ata do Fed

A ata de quarta-feira da reunião de março do Fed irá fornecer aos investidores uma atualização sobre a forma como seus dirigentes veem as perspectivas da política monetária, e também pode conter mais detalhes sobre os planos para reduzir a folha de balanço de US$ 9 trilhões do banco central.

O Fed elevou os juros no mês passado em 0,25 ponto percentual, o primeiro passo num ciclo de aperto monetário que objetiva reduzir a inflação, atualmente em seu maior nível em quatro décadas.

Desde a reunião de março, vários representantes do Fed, incluindo o Presidente Jerome Powell, indicaram que estão dispostos a aumentar os juros de forma mais agressiva, a fim de evitar que a inflação alta crie raízes.

O sólido relatório de empregos de sexta-feira abriu o caminho para um aumento de meio ponto percentual na próxima reunião do Fed, no dia 4 de maio.

Vários dirigentes do Fed também devem fazer aparições ao longo da semana, como o governador do Fed Lael Brainard, o presidente do Fed de Mineápolis, Neel Kashkari, o presidente do Fed de Nova York, John Williams e o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard.

2. Mercado de títulos acende o sinal vermelho

Uma parte acompanhada de perto da curva de rendimento do Tesouro dos EUA se inverteu novamente na sexta-feira, após o forte relatório de empregos dos EUA solidificar as expectativas para maiores aumentos dos juros por parte do Fed.

Uma inversão da curva de rendimento, quando rendimentos de prazo mais curto aumentam acima dos de longo prazo, é um fenômeno que previu recessões passadas.

Os mercados de capitais aparentemente ignoraram as preocupações de que uma política monetária mais rigorosa e a incerteza decorrente da guerra na Ucrânia poderiam colocar a economia em recessão, mas os investidores do mercado de títulos parecem ter uma visão mais pessimista.

No entanto, alguns analistas consideram que a confiabilidade das inversões das curvas de rendimento como um indicador de recessão diminuiu, especialmente quando os programas maciços de compra de títulos do Fed vem mantido os rendimentos de longo prazo sob controle.

3. Volatilidade dos preços do petróleo

Tanto o Brent como o WTI terminaram a semana passada com queda de torno de 13%, o maior recuo semanal de ambos em dois anos, após o presidente dos EUA, Joe Biden, ter anunciado a liberação de 1 milhão de barris por dia de petróleo por seis meses a partir de maio, no que deve ser a maior libração da história da Reserva Estratégica do Petróleo dos EUA.

A invasão da Ucrânia pela Rússia fez os preços do petróleo aumentarem cerca de 30% no primeiro trimestre, com a disparada dos custos de energia tornando-se um dos principais motores das expectativas de inflação.

Mas os analistas do mercado da energia pareciam céticos em relação ao sucesso do plano.

"A reação automática de venda em função ao anúncio da REP de liberação de 1 milhão de barris por dia proveniente do REP durante os próximos seis meses não terá impacto duradouro nos preços do petróleo, de modo que, se os riscos geopolíticos continuarem a se intensificar, o petróleo recuperará a maior parte das perdas desta semana", afirmou Ed Moya, analista na plataforma de negociação online OANDA.

4. Problemas no Conselho da Petrobras

O presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, emitiu uma nota recusando a indicação ao cargo de presidente do Conselho de Administração da Petrobras (SA:PETR4).

O empresário justificou a decisão, afirmando que pretende se dedicar inteiramente ao clube de futebol.

A indicação de Landim havia sido feita no dia 28 de março, junto com a nomeação do economista Adriano Pires como CEO da estatal. Os dois ocupariam as posições de Educardo Bacellar Leal Ferreira e Joaquim Silva e Luna, respectivamente.

O Ministério de Minas e Energia afirmou em nota que está avaliando um nome substituto ao de Landim para apresentar à votação na Assembleia Geral Ordinária da Petrobras, marcada para o dia 13 de abril.

A notícia dificulta ainda mais a tentativa do governo de compor o Conselho da estatal, uma vez que já há especulações de que Adriano Pires não poderá assumir como CEO da companhia, por causa de um processo em tramitação no Tribunal de Contas da União (TCU), que resultaria em um conflito de interesse.

Enquanto a situação na Petrobras não é solucionada, o investidor precisa ficar de olho no calendário econômico desta semana.

Nesta sexta-feira, 8, será divulgado o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) de março, cuja a previsão é de alta de 1,28% para o mês e de 10,93% para o acumulado dos últimos 12 meses.

Antes disso, na quarta-feira, 06, será publicado o IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), da Fundação Getúlio Vargas, que deve chegar aos 2,17%.

5. Bancos centrais

O BCE deverá publicar a ata da sua reunião de março, faltando pouco mais de uma semana até a sua próxima reunião de 14 de abril. O BCE surpreendeu os mercados no mês passado, quando anunciou a aceleração dos planos de retirada de medidas de estímulo.

Desde então, os dados mostraram que a inflação na zona do euro atingiu um novo recorde de 7,5% em março, aumentando a pressão sobre o BCE para agir no sentido de limitar a inflação, mesmo quando o crescimento econômico está em desaceleração em meio aos efeitos prolongados da pandemia e das repercussões da guerra na Ucrânia.

Em outras notícias, espera-se que o Banco da Reserva da Austrália não altere sua taxa de juros durante sua próxima reunião de política monetária na terça-feira.

O Banco do Canadá deve publicar sua pesquisa de perspectivas de negócios na segunda-feira, sendo que uma leitura otimista poderia concretizar as expectativas para um aumento de meio ponto percentual dos juros sua próxima reunião, no dia 13 de abril.

Exceto pela ata do Fed de quarta-feira, o calendário econômico está leve para a próxima semana, com o foco principal provavelmente sendo o PMI de serviços do ISM na terça-feira.

Os economistas esperam que o índice se recupere para 58,0, em relação à minima de doze meses de 56,5 em março.

Os efeitos da onda da ômicron viram o índice cair de um pico histórico de 69,1, alcançado em dezembro, e as preocupações quanto à inflação em alta podem limitar agora a demanda do consumidor.

Os EUA também devem publicar encomendas de fábricas, pedidos iniciais de auxílio-desemprego e balança comercial.

A Reuters contribuiu para este artigo.