Na manhã desta terça-feira (23), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgou a ata da reunião da semana passado em que ficou definida a nova taxa básica de juros da economia brasileira. A Selic foi elevada de 2% ao ano para 2,75% ao ano, em aumento acima do esperado pela maioria dos analistas.
Em análise sobre a ata divulgada hoje, o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, destaca que o comitê manteve o tom "hawk" adotado no comunicado.
"Vale destacar que mesmo nos aspectos que poderiam ser considerados dove a autoridade encontrou uma saída hawk. Como por exemplo, no tocante a atividade e a pandemia, que apesar de afetar fortemente o crescimento do primeiro semestre deverá ter reversão rápida e robusta no segundo semestre", explica Sanchez.
Ele acredita que, no tocante à inflação, a autoridade fez questão de ressaltar o papel do aquecimento da demanda e não do grosso relacionado a oferta, o que também é considerado um aspecto hawk.
"Entretanto, o BC segue pontuando que essa conjuntura não prescreve o nível de juro ‘extraordinariamente’ estimulativo. Ou seja, de acordo com o avaliado pela autoridade a redução do estímulo se faz prudente, mas não há sinalização para sua remoção, o que significa que o juro deverá permanecer abaixo do neutro com a conjuntura apresentada", diz o economista-chefe da Ativa Investimentos.
Em outras palavras, de acordo com Sanchez, o BC desenha um cenário hawk para conjuntura, mas implica isso apenas em uma redução do grau de estímulo.
"Mantemos nossa avaliação de que a autoridade deverá elevar o juro em 75 pontos na próxima reunião seguido de outras duas elevações de 50 pontos, conduzindo a Selic a 4,5% antes do término desse ano. Tal patamar deverá ser praticado ao longo dos 12 meses seguintes, passando a elevação até 6% apenas no último trimestre de 2022", finaliza Étore.