A XP Investimentos revisou as estimativas da Aura (AURA33) para incorporar os novos projetos de Almas e Matupá, nova metodologia de valuation e riscos relativos à mina de San Andrés em Honduras, que pode impactar significativamente as operações da companhia no país. Assim, a XP cortou o preço-alvo para R$ 50/BDR de R$ 95/BDR e rebaixou a recomendação de Compra para Neutra.
O que aconteceu?
Em 28 de fevereiro, o Ministério de Minas e Energia de Honduras divulgou um comunicado à imprensa declarando o cancelamento da aprovação das licenças de extração, o território hondurenho livre de mineração a céu aberto e que alvarás e concessões ambientais serão revistao, suspensos e cancelados, além da possibilidade de áreas de alto valor ecológico serem ocupadas pelo governo para garantir sua conservação.
"É importante notar que este comunicado parece não ter valor legal, pois precisa de aprovações do Congresso para que tais medidas ocorram, mas mostra claramente as intenções negativas do governo em relação à indústria de mineração no país", pontua o documento publicado por Andre Vidal, head Óleo, Gás e Materiais Básicos; Victor Burke, analista de Materiais Básicos, Petróleo e Gás, e Thales Carmo, analista de Mineração & Siderurgia e Papel & Celulose.
Os especialitas da XP afirmam que, no momento, enxergam poucas chances de desapropriação das operações da Aura no país ou paralisação completa da produção. No entanto, existem ferramentas alternativas que o governo pode usar para impactar negativamente o setor de mineração sem fechá-lo, como aumentar os royalties da mineração e o imposto de renda ou até mesmo dificultar a aprovação ou renovação das licenças ambientais necessárias para operar no país.
"Nos últimos meses, assistimos alguns governos da América Latina (como Peru e Chile) tomando medidas para aumentar os pagamentos de royalties das operações de mineração. Com o fim do projeto Gold Road, a Aura está agora totalmente exposta à região da América Latina, e acreditamos que os investidores estarão cada vez mais precificando os riscos de incerteza nas ações da Aura", diz o documento.
Quais podem ser os impactos para a Aura?
A Aura opera a mina de San Andrés em Honduras, que respondeu por 44% do EBITDA de 2021 e responde por mais de 40% das reservas da empresa (considerando apenas as minas operacionais), detalha o relatório da XP.
"O fechamento forçado da mina implicaria em um duro golpe no EBITDA e no valor da empresa", garantem os especialistas.
Nesse cenário, a XP estima que a empresa valeria R$ 30/BDR (considerando US$ 1.700, preço de ouro de longo prazo). "Como não acreditamos que este seja o cenário mais provável, consideramos um aumento de royalties de 10% como uma medida “mais branda”. Esse aumento potencial de royalties estimado está removendo R$6/BDR, do nosso preço alvo de R$/50 BDR".