A B3, a bolsa do Brasil, atingiu, no mês de outubro, a marca de 4 milhões de contas de pessoas físicas em renda variável. Com 1,1 milhão de contas de mulheres e 2,9 milhões de homens, o valor em custódia da pessoa física é de R$ 490 bilhões.
O número representa a quantidade de contas abertas por pessoas físicas em cada corretora no Brasil – já o número de CPFs únicos é de 3,4 milhões, pois uma mesma pessoa pode ter conta em diversas corretoras.
“Com o crescimento de abertura de contas em mais de um intermediário também passamos a divulgar, há alguns meses, o número de CPFs. É um termômetro mais preciso para avaliar a real tendência do comportamento do brasileiro em um cenário de alta da taxa de juros e grande volatilidade. A leitura é que precisamos sair do debate da Renda Fixa ou Renda Variável. O brasileiro vem aprendendo que pode diversificar sua carteira com oportunidades em Renda Fixa e Renda Variável.”, explica Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes e Pessoa Física da B3.
A análise geral
Os dados confirmam que a maior parte dos novos investidores (48%) entra no mercado de equities na faixa de 25 a 39 anos. A faixa entre 19 e 24 anos está na sequência, com 24% dos novos investidores. “Isso traz mais cores para a mudança geracional que temos observado desde 2019”, avalia Paiva.
Diversificação
Segundo os dados divulgados pela B3, o número de investidores em ações cresceu 26% na comparação entre setembro de 2020 e setembro 2021. Já os Fundos de Investimento Imobiliários (FIIs), Fundos de índices (ETFs) e Brazilian Depositary Receipt (BDRs) subiram 40%, 96% e1.414%, respectivamente, na comparação com o mesmo período.
Diversificação é uma característica que tem se tornado cada vez mais recorrente na carteira dos investidores. Em 2016, 78% das pessoas físicas detinham apenas ações em seus portfólios. Em 2021, esse número caiu para 49%. “O que estamos vendo é que, cada vez mais, os investidores possuem uma combinação de ações com outros produtos de bolsa, trazendo para a prática o conceito da diversificação de carteira”, aponta o diretor da B3.
Observa-se, também, a diversificação dos investidores nos tickers negociados. Em 2016, 39% das PFs possuíam apenas 1 ativo em carteira, hoje, esse número caiu para 21%. Isso significa que um a cada dois investidores possui mais de 5 tickers na carteira.
Democratização dos investimentos
Desde 2019, está cada mês mais baixo o valor médio do primeiro investimento das pessoas físicas na renda variável. Essa quantia, que já foi de cerca de R$ 1.500 reais, hoje está em torno de R$ 273 – o que demonstra que o investidor não deixa de fazer aportes, mesmo que mais baixos, em renda variável.
“Fazendo um raio-X dos 86 mil investidores que entraram em setembro, com mediana de R$ 273, observamos que a maior parte entrou com investimentos ainda menores, na faixa até R$ 200. Podemos inferir que é uma parcela do patrimônio do investidor, ainda mais combinando com o número da carteira mediana de R$ 8 mil. Ou seja, a pessoa física entra com aportes baixos, mas os mantém de forma recorrente”, observa Paiva.
No último ano, diversas iniciativas do mercado, em parceria com a B3, contribuíram para que esse número chegasse ao patamar atual. Com a flexibilização do acesso das pessoas físicas aos BDRs, a bolsa brasileira oferece hoje 715 BDRs de ações e 45 BDRs de ETF liberados para o varejo. Quando falamos de ETFs, o investidor tem 54 ETFs disponíveis para negociação, incluindo os de criptomoedas.
Pessoas físicas no mercado de renda fixa
O estudo aponta também o crescimento na base de pessoas físicas em renda fixa na B3. São 9,6 milhões de PFs em produtos de Renda Fixa, considerando Certificados de Depósito Bancário, Recibo de Depósito Bancário, Letra de Crédito, Letra de Crédito Imobiliário, Letra de Crédito do Agronegócio, Certificados de Recebíveis do Agronegócio, Certificados de Recebíveis Imobiliários, Debêntures, Notas Comerciais e Letras Hipotecárias. Em relação ao final de 2020, observa-se um aumento de 11% no número de CPFs e aumento de 17% no saldo em custódia.
O Certificado de Depósito Bancário (CDB) é o principal produto de renda fixa da pessoa física. São 6,8 milhões de PFs em CDBs e um saldo de R$ 473 bilhões. Em relação ao final de 2020 observa-se um aumento de 11% de pessoas físicas no produto.
Os Recibos de Depósito Bancário (RDBs) estão em segundo lugar no gosto do investidor individual por produtos de renda fixa, com 2,3 milhões de CPFs. Na sequência estão produtos isentos do imposto de renda e que costumam oferecer rendimentos superiores aos da Poupança: Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), com 907 mil pessoas físicas e as Letras de Crédito do Agronégocio (LCAs), com 593 mil PFs. Em relação aos demais produtos de renda fixa, as LCAs apresentaram o maior aumento relativo do número de investidores, com 49% a mais de pessoas físicas e crescimento de 38% no saldo.
Tesouro Direto
O número de investidores no Tesouro Direto continua crescendo. De 2020 para cá observa-se um crescimento de 16% nos números de CPFs, atingindo 1,7 milhão de investidores.
Diferentemente do mercado de equities, o perfil de gênero dos investidores em Tesouro Direto mudou consideravelmente ao longo dos anos, com um aumento de 16 pontos percentuais na participação das mulheres quando comparado a 2013 – elas representam, hoje, 41% dos investidores no produto.
“A partir dessa publicação, também passaremos a divulgar o número de investidores em diversos produtos de Renda Fixa. Esse quadro completo de Renda Fixa e Renda Variável fornece informações importantes para todo o nosso ecossistema, os grandes responsáveis por essa transformação: das corretoras e bancos, aos formadores de opinião e bons influenciadores. É importante que tenhamos em mente que estamos passando por uma transformação no mundo dos investimentos no Brasil, e é papel de todos os agentes zelar pelo crescimento sustentável da nossa indústria financeira e de capitais”, finaliza Paiva.