A queda dos juros e a maior procura por diversificação deve incentivar o crescimento do mercado de ETFs (Exchange Traded Funds), fundos com cotas negociadas em bolsa que reproduzem índices de ações ou renda fixa, acredita Felipe Paiva, diretor de Relações com Clientes da B3. Mirando-se no exemplo do exterior, onde esses fundos já respondem pela maioria dos volumes das bolsas, a B3 pretende estimular o uso dos ETFs tanto para facilitar o investimento do varejo quanto para os grandes investidores e gestores de fundos. Ele participou do 3º Encontro Anual sobre Índices e ETFs, promovido pela bolsa e pela S&P Dow Jones Índices.
A diferença é grande. Enquanto no exterior os ETF reúnem um patrimônio de US$ 4,8 trilhões, há hoje no Brasil 16, sendo 13 de ações e índices locais, dois internacionais e apenas um de renda fixa, lançado pela gestora coreana Mirae Asset. O valor total do patrimônio desses fundos chega a R$ 12 bilhões, com R$ 400 milhões negociados por dia, especialmente pelo BOVA11, que reproduz o Índice Bovespa.
Mas a chegada do ETF de renda fixa do Tesouro Nacional deve dar mais impulso ao mercado, acredita Paiva, diante da preferência atual do brasileiro por renda fixa. O banco escolhido para montar o ETF do Tesouro, o Itau Unibanco, pretende lançar o fundo ainda neste primeiro semestre. “Os ETFs de renda fixa devem ser o grande impulsionador do mercado desse tipo de fundo no Brasil, para popularizar a aplicação”, diz Jorge Marino Ricca, gestor de renda variável da BB DTVM. Hoje, no mundo, os ETF de renda fixa representam 18% do mercado total de US$ 4,8 trilhões, enquanto os de renda variável são 77%.
Opção para diversificação com baixo valor
Os ETFs são alternativa para facilitar a diversificação de maneira mais eficiente, diz Mauro Oliveira, do Credit Suisse, banco que atua como formador de mercado desses fundos, negociando as cotas para aumentar a liquidez e reduzir a diferença entre os preços de compra e venda.
Ele dá o exemplo do investidor que quer diversificar em ações de small caps, ou pequenas empresas, que pode comprar uma cota de ETF atrelado ao Índice de Small Caps na bolsa, adquirindo assim uma carteira inteira em vez de correr o risco de comprar uma só ação e quase pelo mesmo preço. O mesmo vale para ações de dividendos ou o Índice Bovespa. Os ETF podem ainda ser usados para operações casadas com mercados futuros, para proteção, no caso do Ibovespa, acessível também para pequenos investidores por meio de minicontratos.
Os ETFs permitem uma diversificação de estratégias de maneira mais simples e com menor aplicação inicial, afirma Rodrigo Araújo, da gestora americana BlackRock, que é uma das maiores gestoras de ETFs do mundo. Segundo ele, os ETFs permitem que o investidor brasileiro tenha diferentes tipos de ações e índices locais e também internacionais, com ETFs de índices de ações internacionais, como o Standard & Poor’s 500 (S&P500), de Nova York, negociado na bolsa brasileira. “O investidor pode diversificar seu risco aplicando em um ETF dos EUA no mercado local, com muito mais facilidade, em reais”, lembra.
Para ele, a tendência é que os ETF caminhem dos índices amplos de ações para estratégias mais especificas e sofisticadas, como “smart-beta”, de papéis que se destacam no mercado, ou de valor, ou mais índices internacionais.
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