
Nesta quarta-feira (3), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano, em linha com o consenso do mercado.
O Copom afirmou que o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica "segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom, ainda que exibindo maior resiliência no mercado de trabalho."
E que, a inflação ao consumidor segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação.
A autarquia também citou que as expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pelo Relatório Focus registraram leve alta e encontram-se em torno de 6,1% e 4,2%, respectivamente.
As projeções de inflação do Copom em seu cenário de referência situam-se em 5,8% em 2023 e 3,6% em 2024. Já as estimativas para a inflação de preços administrados são de 10,8% em 2023 e 5,2% em 2024.
Arcabouço fiscal
A apresentação de uma proposta de arcabouço fiscal reduziu parte da incerteza advinda da política fiscal, aponta o BC.
Apesar disso, a conjuntura, caracterizada por um estágio em que o processo desinflacionário tende a ser mais lento em ambiente de expectativas de inflação desancoradas, demanda maior atenção na condução da política monetária.
"O Copom enfatiza que não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a aprovação do arcabouço fiscal, e avalia que a desancoragem das expectativas de longo prazo eleva o custo da desinflação necessária para atingir as metas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional", diz o comunicado.
Cenário político
A decisão de manter a taxa vem em meio às críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Banco Central e sua política monetária. Na última segunda-feira (1º), Lula associou o patamar atual da Selic ao desemprego e disse que a taxa de juros é parcialmente "responsável" pela situação do país.
"A gente não poder viver mais em um país aonde a taxa de juros não controla a inflação, ela controla, na verdade, o desemprego nesse país porque ela é responsável por uma parte da situação que nós vivemos hoje", afirmou.
No dia 25 de abril, inclusive, o presidente do BC, Roberto Campos Neto participou de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado para falar sobre o patamar atual da Selic.
Campos Neto pontuou que o processo de decisão de juros é técnico, que difere do ciclo político, e que a autarquia observa a inflação corrente, o hiato do produto e as expectativas de inflação para definir os juros. Na sabatina, ele reiterou também que não é capaz de dizer quando haverá queda na Selic.