O Conselho Monetário Nacional (CMN) divulgou nesta segunda-feira (06) que os bancos estão impedidos de pagar dividendos acima do mínimo obrigatório até setembro. A medida, parte das tentativas de mitigar os estragos da crise do coronavírus, pode frustrar alguns investidores.
“Por exemplo, o pagamento mínimo do Bradesco é de 30%. No ano passado, o payout do banco foi de 70%”, explica Daniel Herrera, analista da Toro Investimentos. “É uma queda importante, mas temporária”.
Se o foco do investidor for dividendos, pode ser que a espera até setembro seja muito grande. Nesse caso, o setor de energia, também defensivo durante a crise, pode ser uma opção. “Sanepar e Transmissão Paulista são empresas, por exemplo, que estão mega descontadas e são boas pagadoras de dividendos”, lembra Samyr Castro, fundador da InvestSmart.
Outra alternativa interessante podem ser os fundos de FIP, ou seja, um fundo que permite compra de empresas que ainda não estão na bolsa de valores. “Aqueles que têm empresas de transmissão elétrica prometem uma estabilidade na geração do caixa e baixo capex [capital gasto em despesas]”, aponta Flávio Muniz, sócio da Gaia Investimentos. “Além disso, são isentos de imposto de renda”.
Ainda interessante no longo prazo
Com peso de quase 30% no Ibovespa, os bancos ainda são uma opção sólida para quem busca resultados a longo prazo. “Eles vão voltar a pagar bons dividendos”, afirma Daniel Herrera. O analista ainda ressalta que o capital represado durante o período da crise não deve ter outros destinos que não os acionistas. “É possível que tão logo acabe a restrição haja pagamento retroativo.”
Para Flávio Muniz, o impacto da suspensão é limitado e a notícia já foi precificada pelo mercado. “São instituições geradoras de caixa e, no momento de crise, isso é um porto-seguro pro investidor”, explica.
Além disso, as outras medidas do pacote contra os estragos da pandemia na economia, como a liberação de crédito pelo Banco Central, devem ajudar os bancos. “Isso visa resguardá-los de calotes”, diz Herrera. “Mesmo com a deterioração do risco de crédito, Itaú, Bradesco, Santander e Banco do brasil são players robustos”.