Por Gabriel Codas
Investing.com – O Banco do Brasil Investimentos (BB-BI) divulgou relatório cortando o preço-alvo das ações da Braskem (SA:BRKM5) para R$ 25,00, mas mantendo a recomendação Market Perform – em linha com o desempenho médio do mercado. A decisão se deve ao momento desafiador da companhia com as perspectivas de margens pressionadas por conta dos menores spreads petroquímicos, além do atual agravamento da situação pelo lado da demanda global por conta dos impactos ocasionados pelo surto de COVID-19.
Para os analistas, foi um trimestre negativo, que ajudou a consolidar o ano de 2019 como ruim para a companhia, dentro do contexto de menores margens por conta da redução nos spreads de produtos petroquímicos no mercado internacional, e também pelos impactos financeiros oriundos do incidente em Alagoas.
Apesar da dívida líquida ter aumentado apenas 5% a/a, a queda significativa no EBITDA ajustado fez o indicador atingir 3,7x (ante 2,8x no 3T19 e 2,1x no 4T18). Ainda que a posição de liquidez da companhia seja robusta e não existam riscos de liquidez no curto prazo, as projeções indicam um índice de 3,3x para o final de 2021, já que, apesar de a geração de caixa livre permanecer positiva, há pouco espaço neste momento para desalavancagem.
A Braskem realizou na quarta-feira uma teleconferência para apresentar seus resultados do 4T19, cujos principais tópicos abordaram as dinâmicas de PP, PE e PVC no mercado global, resultados operacionais e a retomada das operações em Alagoas.
Na visão do BTG Pactual (SA:BPAC11), os números do trimestre foram negativos, assim como o ano de 2019 como um todo. Além do evento não recorrente que resultou na provisão de R$ 3,4 bilhões para o pagamento de indenizações relacionadas ao evento geológico ocorrido em Maceió, a empresa apresentou menores margens em todos os segmentos de negócio, elevação nas despesas administrativas e redução nas receitas.
Por outro lado, o BB-BI aponta como destaques positivos no 4T19 a elevação a/a no volume de vendas de PP nos Estados Unidos e de PE no México; a elevação de 1% nas taxas de utilização das plantas de PP; a monetização de R$ 281 milhões em créditos de PIS/COFINS, com saldo a recuperar de R$ 2.351 milhões, sendo R$ 783 milhões para monetizar em 2020.
No Brasil, a produção de eteno declinou 11% a/a no 4T19, com uma taxa de utilização de 78% no trimestre (-900 bps a/a) e de 85% no ano de 2019, ante 91% em 2018, principalmente devido à paralização das fábricas de cloro-soda e dicloretano (EDC) em Alagoas.
O market share de resinas atingiu 61% no trimestre e 64% no ano de 2019 (-200 bps a/a). A receita líquida recuou 22% a/a no 4T19 e, apesar de uma redução de 27% nas despesas SG&A, houve uma forte queda de 81% no EBITDA, para R$ 74 milhões. Com relação à situação operacional ocasionada pela interrupção da produção em Alagoas, a empresa importou 40 mil toneladas de soda caustica, com vendas de 54 mil toneladas do produto, 1% acima do 3T19.
As vendas de PVC tiveram alta de 2% t/t, e a taxa média de utilização chegou a 78% (+21 p.p. t/t, devido à parada programada da planta na Bahia). A retomada da produção de cloro-soda deve ocorrer com um projeto de mudança na matéria prima, por meio da aquisição de sal marinho de terceiros. O custo estimado do projeto é R$ 60 milhões, dos quais R$ 21,2 milhões já foram realizados em 2019.