Investimentos

BDRs podem ser alternativa para diversificar carteira em 2022

"Pensando nos BDRS, vemos como uma excelente forma de conseguir investir nas maiores empresas globais, que possibilita diversificação em moeda forte e também oferece diversificação geográfica", avalia Lucas Oliveira, sócio da Nexgen Capital

- Foto: Tima Miroshnichenko/ Pexels
- Foto: Tima Miroshnichenko/ Pexels

Com o direcionamento de que a taxa básica de juros, a Selic, chegue a 11,50% em 2022, as oportunidades de renda fixa para o ano que vem serão as que o investidor mais irá querer capturar. Porém, Lucas Oliveira, sócio da Nexgen Capital, avalia que é interessante manter uma fatia dos investimentos em renda variável e, neste sentido, os BDRs podem representar uma boa opção para diversificar essa parcela de aplicações.

Os BDRs são certificados de depósito de valores mobiliários emitidos no Brasil, mas que representam valores mobiliários de companhias abertas com sede no exterior.

“Pensando nos BDRS, vemos como uma excelente forma de conseguir investir nas maiores empresas globais, que possibilita diversificação em moeda forte e também oferece diversificação geográfica. É uma excelente ferramenta, que deve ser usada de acordo com o perfil de cada investidor para capturar essas oportunidade”, afirma Oliveira.

Ele lembra que quando os BDRs passaram a ser negociados na B3, esse tipo de investimento era restrito para o investidor qualificado, aqueles com mais de R$ 1 milhão aplicados no mercado financeiro. Após a alteração da regulamentação, permitindo que investidores em geral pudessem fazer investimentos, houve um aumento natural da demanda e isso fez com que esse tipo de investimento ficasse mais líquido, o que vem propiciando um aumento de negociação dos ativos.

Dados

Conforme Oliveira, nos últimos 12 meses os 10 BRDs mais negociados na B3 foram Tesla, seguido de Mercado Livre, Apple, Amazon, Alfabet (Google), Alibaba, Moderna, Microsoft, Facebook e Disney. A Tesla registrou um volume diário, médio, nos últimos 12 meses, próximo de R$ 65 milhões por dia, e a Disney, última colocada, aproximadamente R$ 7,5 milhões.

“Em relação ao ambiente doméstico conturbado, houve uma aversão a risco muito grande e isso, naturalmente, faz com que a moeda forte, como é caso do dólar, se aprecie em relação ao real. Diante disso, houve impactos positivos nos preços dos BDRs, visto que esse tipo de investimento reflete a variação cambial. Consequentemente, o dólar mais apreciado faz com que esses ativos performem de forma positiva. Além disso, tivemos a própria performance do preço das ações que esses recibos representam também subindo”.

Assim, mesmo que a renda variável exija muita cautela, procurar os BDRs pode ser uma alternativa porque permite uma diversificação não só em relação à renda fixa, mas é um ativo que diversifica a moeda, atrelando os investimentos ao dólar, e também de forma geográfica, trazendo para o portfólio companhias estrangeiras e americanas.

No exterior

“O que a gente teve nos Estados Unidos ao longo desse ano foi uma política de estímulos bastante agressiva, isso, dentre outros fatores, fez com que tivéssemos uma inflação também alta por lá, então inflação não é um problema exclusivamente do Brasil, isso tem acontecido também nos Estados Unidos. Naturalmente, em um cenário de inflação alta, o que se espera é uma política monetária de aumento de juros, para que contenha-se a inflação e o nível de preços volte a um patamar mais dentro do esperado".

No entanto, continua Oliveira, "o que a gente vê nos Estados Unidos neste momento é justamente uma normalização da oferta agregada, ou seja, as companhias, as empresas, os serviços e produtos estão conseguindo trazer uma normalização da oferta, de modo que a demanda também não fique muito acima do que está sendo ofertado. Isso, de certa forma, vai contribuir para uma inflação mais controlada, o que é bom para a economia, porque gera de fato um crescimento de PIB real”.

Para investidores que desejam começar a investir, Oliveira, recomenda estabelecer de fato uma estratégia em percentual do patrimônio que o investidor quer ter exposto a uma geografia diferente, a uma moeda diferente também, e fazer isso de forma gradual, porque o principal risco que temos envolvido aqui neste momento é o do câmbio. 

O dólar está em um patamar mais elevado, então, quando a gente estabelece o percentual e a estratégia de longo prazo diante dessa diversificação, pode ir construindo janelas para se fazer esse investimento. 

“O cuidado que o investidor precisa ter é saber fazer de forma cadenciada, não apenas definir quando vai fazer e fazer tudo de uma vez, mas saber selecionar qual é o tipo de ativo que está escolhendo e trabalhar com tranches ao longo do tempo, porque dessa forma minimiza-se o risco de entrar com câmbio muito apreciado, então é uma maneira de diluir um pouco esse risco”.