Nos últimos anos, a indústria da beleza tem enfrentado um verdadeiro dilema em seu discurso.
Durante muito tempo, as mensagens foram centradas na ideia de “anti-idade“, promovendo produtos que prometiam reverter o tempo e manter a pele eternamente jovem.
Termos como “combate ao envelhecimento” e “pele jovem para sempre” tornaram-se comuns, mas esses rótulos acabaram se mostrando não apenas enganosos, mas também desrespeitosos com o ciclo natural da vida.
O que muitos não perceberam é que essa narrativa começou a ser rejeitada pelos próprios consumidores, especialmente aqueles com 50 anos ou mais.
Essa faixa etária, frequentemente negligenciada pela publicidade tradicional, está agora se afirmando e exigindo uma mudança de abordagem. Envelhecer não é um problema a ser combatido; é uma fase da vida que deve ser celebrada.
A Coreia do Sul já compreendeu essa evolução e introduziu o conceito de “well-aging“, que se distancia das promessas de juventude eterna. Em vez disso, esse novo paradigma foca em um envelhecimento saudável e valorizado.
Não se trata apenas de marketing; é uma tendência sólida que está moldando um mercado bilionário.
De acordo com relatórios da Euromonitor International, o setor de beleza sul-coreano está projetado para ultrapassar impressionantes US$ 15 bilhões até 2027, com um crescimento significativo na demanda por produtos voltados para peles maduras.
Marcas como Sulwhasoo e Amorepacific têm investido em fórmulas avançadas e ingredientes naturais que reconhecem e celebram a maturidade da pele. Enquanto isso, no Ocidente, algumas empresas estão começando a entender essa mudança.
Gigantes como Shiseido e L’Oréal estão reformulando suas campanhas publicitárias para destacar o poder da maturidade, utilizando embaixadoras icônicas como Helen Mirren e Jane Fonda.
No Brasil, já é possível notar essa transformação nas prateleiras. Marcas tradicionais, como O Boticário, estão ampliando suas linhas para atender as necessidades específicas das peles maduras, enquanto empresas de nicho como a Care Natural Beauty já estão surfando essa onda há algum tempo.
Além disso, um estudo da Euromonitor revelou que os consumidores com 50 anos ou mais representam quase 40% do consumo global de marcas que priorizam sustentabilidade e produtos de longo prazo. Este público não busca apenas comprar por impulso; eles investem em qualidade, transparência e propósito.
Portanto, o futuro da beleza não reside mais na ilusão da juventude eterna. Ele está ancorado no bem-estar, na aceitação e na tecnologia que promove uma vida saudável. As marcas que insistirem em vender sonhos impossíveis estarão fadadas ao fracasso.
Aqueles que compreenderem que os 50+ desejam se sentir bem em sua própria pele — através de produtos eficazes e alinhados ao conceito de bem-estar — conquistarão clientes fiéis.
Esta transformação não é apenas uma tendência passageira; é um reflexo do desejo profundo por autenticidade e valorização das experiências vividas.
Ao abraçar o conceito de well-aging, estamos todos nos convidando a celebrar cada fase da vida com dignidade e desenvoltura!
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