Por Ana Carolina Siedschlag
Investing.com – A normalização da política monetária deve ser mais acelerada na América Latina e em países emergentes no geral por conta do efeito dos preços das commodities na inflação, que tendem a pressionar mais essas economias do que as de nações desenvolvidas, aponta Gustavo Arruda, economista-chefe para América Latina do BNP Paribas (BNPP).
Segundo ele, em coletiva de imprensa sobre o relatório trimestral global do grupo, a alta das commodities dos últimos nove meses traz maior pressão proporcional em países emergentes, o que, consequentemente, leva a uma maior desancoragem das expectativas de inflação no horizonte relevante dos bancos centrais.
Também, acrescenta, os países emergentes tendem a ter políticas diferentes em relação ao acompanhamento da inflação, com os EUA usando uma média dos indicadores, enquanto o BC brasileiro olha para a inflação projetada daqui doze meses.
O BNP Paribas espera que o PIB brasileiro caia 0,5% no primeiro trimestre, 1% no segundo e apresente alguma recuperação a partir do segundo semestre, chegando a um crescimento de 2,5% no final de 2021.
“A segunda onda da pandemia está se desenhando de maneira pior que o cenário feito em dezembro. A curva de vacinação está atrasada em relação ao que desenhamos lá atrás, mas a tendência é que acelere a partir da segunda metade do ano”, disse.
Projeções para a economia global
No cenário-base, com 60% de chance de acontecer, o BNP Paribas espera um crescimento moderado para a economia mundial em 2021, com países como os EUA e a China, que ganharam tração agora no início do ano, desacelerando levemente no final de 2021.
Segundo o economista-chefe do banco, o atual cenário para a economia global está mais otimista do que em dezembro, com melhores projeções, principalmente, para a economia europeia. Os países do Velho Continente devem continuar com uma política monetária ainda fortemente expansionista, a ser apertada sem pressa pelo Banco Central Europeu no médio prazo.
Essa demora na normalização dos juros nos países desenvolvidos, pontua Arruda, traz riscos de reflação global, também ligada à cadeia de produtos pressionada pelos efeitos da pandemia.
Em outro cenário, com 30% de chance de concretização, o BNP Paribas vê como risco que os bancos centrais ao redor do mundo “percam a mão” nos estímulos e demorem mais que o previsto para apertar as condições, pressionando a inflação para cima e “trazendo ruído na economia global”.