Por Gabriel Codas
Investing.com – Após revisões de instituições financeiras, Banco Central e Ministério da Economia para a projeção do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 devido aos efeitos negativos do coronavírus na economia, agora foi a vez dos economistas ouvidos pelo Boletim Focus do Banco Central (BC) e prever uma retração na economia brasileira em 2020.
A mediana das previsões dos economistas consultados no Boletim divulgado nesta segunda-feira foi de queda de 0,48%, contra alta de 1,48% na edição da semana passada. Por outro lado, os analistas mantiveram as apostas de crescimento econômico de 2,50% para 2021, 2022 e 2023.
Os números são mais pessimistas do que a divulgada na semana passada pelo BC no Relatório Trimestral de Inflação, que revisou a projeção para o crescimento de 2020 para zero. O relatório anterior, divulgado em dezembro do ano passado, estimava um aumento de 2,2%.
Segundo o documento, “em termos de trajetória, a projeção para o PIB anual considera recuo acentuado do PIB no segundo trimestre, seguido de retorno relevante nos últimos dois trimestres do ano”, apostando em uma recuperação em V após a crise do coronavírus.
Os analistas também revisaram para baixo a inflação oficial de 2020, de 3,04% da projeção da semana passada para 2,94%. Há quatro semanas, a aposta era de um IPCA a 3,20% no fim do ano. A aposta para o fechamento do ano-calendário segue abaixo do centro da meta de 4,00% e dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Na quarta-feira, o IBGE divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial, subiu 0,02 por cento em março, sobre alta de 0,22 por cento no mês anterior. Pesquisa da Reuters com economistas estimava alta de 0,06 por cento para o período.
Houve também redução nas estimativas de inflação para 2021, com os analistas estimando o IPCA a 3,57% ante 3,60%. Pela segunda vez, a estimativa fica abaixo do centro da meta de inflação estipulado para o ano que vem, de 3,75%.
A redução na estimativa de crescimento e a perspectiva de queda da inflação este e no próximo ano levam os analistas a apostar em nova redução da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A autoridade monetária deve realizar mais um corte em 2020, desta vez de 0,25 ponto percentual na reunião de maio, indo do atual patamar de 3,75% para 3,50%. Os analistas não preveem novas reduções em diante.
No comunicado da última reunião, em março, a autoridade monetária destacou que “apesar de o cenário-base do BC prescrever cautela na política monetária, com estabilidade da Selic, deixou a porta aberta para novos movimentos ao reconhecer que ‘se elevou a variância do seu balanço de riscos e novas informações sobre a conjuntura econômica serão essenciais’”
Os analistas também estimam que o ciclo da alta de juros se inicie ano que vem, com uma Selic a 5,00% no fim de 2021. Já para 2022 segue em 6,00%, como também a de 2023, em 6,25%.
Em relação ao dólar, as apostas de 2020 foram mantidas em R$ 4,50, após encerrar 2019 a R$ 4,0195. A moeda iniciou o forte período de volatilidade após o Carnaval, quebrando recordes máximos de fechamento por 12 sessões consecutivas. Na semana passada, a moeda americana encerrou negociada acima de R$ 5,10.
Há quatro semanas, os analistas projetavam um dólar a R$ 4,20 no fim do ano. No ano que vem, as estimativas foram elevadas para R$ 4,30, depois de uma elevação na semana anterior para R$ 4,29.