Ânimos acirrados

Aliados de Bolsonaro passam a temer prisão após revelação de trama para matar Lula e Alckmin, diz colunista

A investigação, segundo aliados do ex-presidente, acaba por construir um ambiente político mais propício para sua prisão

Generais Braga Neto e Augusto Heleno e o presidente Jair Bolsonaro - Arquivo/DW
Generais Braga Neto e Augusto Heleno e o presidente Jair Bolsonaro - Arquivo/DW

Parlamentares e lideranças de direita próximas a Jair Bolsonaro (PL) passaram a enxergar os detalhes da tentativa de golpe do Estado como um fator que fortalece as chances de uma eventual detenção do ex-presidente, afirma o blog da colunista Bela Megale, do jornal O Globo.

O relatório final da Polícia Federal (PF), a ser enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 21 de novembro, detalha a tentativa de golpe de Estado e inclui indiciamentos que podem envolver Jair Bolsonaro, ex-integrantes de seu governo e militares.

Havia um plano de assassinato que envolveria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

A investigação, segundo aliados do ex-presidente, acaba por construir um ambiente político mais propício para sua prisão, especialmente diante da gravidade dos fatos que surgiram nas apurações

A Polícia Federal descreveu a situação com clareza em seu relatório:

Conforme evidenciado na presente investigação, exatamente no período referido em que MÁRIO FERNANDES imprime o planejamento operacional, desejou-se que os aparelhos telefônicos dos investigados RAFAEL MARTINS DE OLIVEIRA (JOE) e MAURO CESAR CID estava conectado à ERBS que cobrem o Palácio do Planalto. Nesse mesmo local, o então presidente da República, JAIR BOLSONARO também esteve no Palácio do Planalto.

Outro nome que apareceu de forma central no esquema foi o do general da reserva Walter Braga Netto.

Ex-ministro de Bolsonaro e candidato a vice-presidente em sua chapa nas eleições de 2022, Braga Netto desempenhou papel decisivo no plano golpista.

De acordo com as investigações da Polícia Federal, uma reunião crucial para a discussão sobre o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes ocorreu em 12 de novembro de 2022, em sua residência, com a presença de outros militares.

Este novo cenário, com a forte implicação de figuras centrais do governo Bolsonaro no plano de assassinato, fez com que os aliados do ex-presidente reavaliassem suas perspectivas sobre a reversão de sua inelegibilidade.

Inicialmente, Bolsonaro e seus parlamentares aliados defenderam que ele poderia ser beneficiado com a indicação de novos membros para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que abriria portas para uma candidatura em 2026.

Contudo, com a descoberta do projeto de assassinato e a ampliação das investigações, os congressistas agora acreditam que não existe mais clima político para debater a possibilidade de Bolsonaro reverter sua inelegibilidade.

Além disso, membros do próprio TSE e do STF reiteraram que não existe chance de Jair Bolsonaro voltar a ser elegível para uma futura eleição.

As informações são do blog da colunista Bela Megale, do jornal O Globo.