Bolsonaro diz que democracia só existe se Forças Armadas quiserem; fala se refere à Venezuela, afirma Mourão

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O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse hoje que foi mal interpretada a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre as Forças Armadas. Bolsonaro participou, pela manhã, da cerimônia comemorativa dos 211 anos do Corpo de Fuzileiros Navais. Em seu discurso, ele agradeceu às Forças Armadas e afirmou que “democracia e liberdade só existem quando as suas Forças Armadas assim as querem”.

“O presidente está sendo mal interpretado. O presidente falou que, onde as Forças Armadas não estão comprometidas com democracia e liberdade, esses valores morrem”, afirmou Mourão.

Segundo o vice-presidente, Bolsonaro quis fazer um paralelo entre a atuação das Forças Armadas no Brasil e na Venezuela, onde a maior parte dos militares apoia o regime de Nicolás Maduro. “É o que acontece na Venezuela. Lá, as Forças Armadas rasgaram isso aí. Foi isso que ele quis dizer”, completou.

O pronunciamento de Bolsonaro provocou reação no meio político e a resposta do seu vice. “Se as Forças Armadas não são comprometidas com democracia e liberdade, elas não subsistem. Está aí nosso vizinho, a Venezuela, para mostrar isso aí”, afirmou Mourão.

Polêmica do dia

A declaração é mais uma polêmica criada pelo presidente da República nesta semana. No Carnaval, Bolsonaro publicou um vídeo de conteúdo sexual explícito envolvendo um participante de um bloco carnavalesco para responder a críticas feitas ao governo por músicos e artistas e blocos durante as festividades. O vídeo foi considerado tão ofensivo que desagradou até aliados do presidente, que julgaram inconveniente sua divulgação pelo presidente da República. Ao mesmo tempo, Bolsonaro foi acusado de denegrir a imagem do Carnaval e do país ao destacar um episódio isolado e torná-lo assunto de todos os principais jornais do mundo.

O presidente chamou ainda mais a atenção internacional ao perguntar em seu Twitter, que se tornou uma espécie de canal oficial de comunicação com a sociedade,  o que era “golden shower”, nome dado ao ato de urinar sobre o parceiro, e que aparece em uma das cenas do vídeo que ele postou.

Antes, o presidente já havia atacado um de seus principais aliados, Gustavo Bebiano, ex-presidente do seu partido, o PSL, chamando-o de mentiroso e expondo conversas que teve com ele pelo Twitter. Na semana passada, Bolsonaro também recebeu críticas ao elogiar o ex-ditador do Paraguai de 1954 a 1989, general Alfredo Stroessner. Acusado de prisão, tortura e morte de opositores e até de pedofilia, Stroessner, que morreu exilado no Brasil, foi chamado de “estadista” pelo presidente.

Com informações da Agência Brasil.

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