O Departamento Econômico do Bradesco reduziu a projeção para a taxa básica Selic no fim deste ano, de 4,75% para 4,5% ao ano, e manutenção desse nível até o fim do ano que vem, acompanhando o resultado abaixo do esperado da inflação do IPCA de setembro, que caiu 0,04% e foi a menor desde 1998 para o mês. O banco também reviu para baixo a estimativa de inflação oficial para este ano, de 3,5% para 3,1%, e para o ano que vem, para 3,7%.
Segundo o banco, há duas novidades importantes no cenário doméstico. A primeira diz respeito à dinâmica inflacionária, que continua muito comportada. A segunda novidade é uma sequência de dados positivos de atividade: varejo, serviços, crédito e emprego apresentaram desempenho melhor do que o esperado e tornaram o cenário de recuperação mais simétrico – com maior disseminação entre os setores.
Com isso, o banco revisou a estimativa para a inflação neste e no próximo ano. Os ajustes neste ano ocorreram nos grupos alimentação (de 4,0% para 2,8%) e administrados (de 4,6% para 4,0%). Neste último grupo, a principal mudança foi na gasolina, que tem se beneficiado de preços mais baixos de petróleo. A menor inércia inflacionária deve reforçar o cenário benigno para o IPCA também em 2020.
Mas o Bradesco destaca que, se as surpresas baixistas com a inflação sugerem cortes adicionais de juros, a recuperação que começa a ganhar corpo pode diminuir a necessidade, por parte do Banco Central, de prover estímulos adicionais. Na visão do banco, essa é uma discussão que ocorrerá nos próximos meses, mas hoje o primeiro vetor, da economia, tende a prevalecer sobre o segundo. Esse aparente “dilema” se equacionará no debate sobre juros neutros.
O cenário do banco contempla ajustes para baixo na inflação de 2019 e 2020, juros ligeiramente mais baixos do que o esperado anteriormente e uma maior simetria no crescimento. Esse cenário de melhor crescimento tende a se traduzir em um câmbio mais apreciado, especialmente se a agenda de reformas continuar na direção correta, o que deve viabilizar o cenário de juros baixos por todo o ano de 2020. O banco projeta crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,8% este ano e 1,9% no ano que vem e dólar a R$ 4,00 e R$ 3,80, respectivamente.
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