Em meio à seca extrema e queimadas no Norte do Brasil, dados do Copernicus, programa de observação da Terra da União Europeia, indicam que o Sudoeste da Amazônia foi a maior emissora de gases de efeito estufa no mundo nos últimos cinco dias.
O avanço do desmatamento e das queimadas na região contribui para essa situação, alerta Lucas Ferrante, doutor em biologia e pesquisador da USP e da Universidade Federal do Amazonas.
Isso porque, essas ocorrências geram grandes volumes de aerossóis e de monóxido de carbono na atmosfera, substâncias que causam o efeito estufa.
Dessa forma, os efeitos dessas emissões podem impactar o planeta se persistirem por meses, conforme avaliam especialistas.
Com mais de 82 mil focos de incêndio de janeiro a setembro de 2024, a Amazônia já dobrou o número de queimadas em relação ao mesmo período de 2023.
Em São Félix do Xingu (PA), o município com mais focos de calor, as queimadas ocorrem em decorrência da estiagem severa e ao uso tradicional do fogo para limpar áreas. A Polícia Federal investiga incêndios criminosos na região, incluindo na Terra Indígena Apyterewa.
Em Novo Progresso (PA), que ganhou notoriedade pelo “Dia do Fogo” em 2019, a situação das queimadas se intensificou, e o prefeito relata dificuldades no combate ao fogo devido à escassez de recursos.
Autoridade climática
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou a criação de uma Autoridade Climática e de um Comitê Técnico-Científico para combater a mudança do clima. O anúncio foi feito após uma visita às áreas afetadas pelas secas e queimadas no estado do Amazonas, na última terça-feira (11).
A princípio, essa autoridade é responsável por coordenar e implementar medidas de combate à mudança do clima, cobrar metas ambientais e realizar ações integradas com Estados e municípios.
Dessa forma, a autarquia ficará sob o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Ainda mais, o presidente também editará uma medida provisória para estabelecer o estatuto da Emergência Climática, permitindo resposta rápida a eventos climáticos extremos.
Além disso, a ministra Marina Silva destacou a importância de um marco legal para emergências climáticas, permitindo melhor gestão de riscos.