Com 15 anos de experiência no mercado financeiro, Helena Veronese assumiu recentemente o cargo de economista-chefe da B.Side Investimentos.
Na bagagem, ela traz a experiência que acumulou em empresas como Ágora Corretora, Bradesco, Tendências Consultoria e Azimut Brasil Wealth Management. Agora, assume o desafio de iniciar a gestão de uma empresa que está em franco crescimento.
A B.Side dobrou seus ativos sob assessoria, chegando a R$ 2 bilhões. Fundada em 2020, por Rafael Christiansen, a casa é referência no atendimento private.
Em novembro, em mais um passo para a consolidação da área de assessoria, se juntou ao time Nilson Victorino, managing partner, que esteve anteriormente na Claritas Investimentos.
“Estar no time da B.Side Investimentos me traz de novo aquela sensação de desafio e muita motivação. Esta é uma equipe comprometida com o que há de melhor no setor, cultivando sempre valores como responsabilidade e independência para atender plenamente o investidor”, avalia Helena.
Tradução
Em meio a números e estatísticas, Helena explica que seu trabalho é, principalmente, traduzir.
“O mais interessante é tentar traduzir esses números que saem, e que ninguém tem a menor obrigação de entender, para uma linguagem um pouco mais fácil, para fazer as pessoas entenderem como que isso, de fato, impacta no nosso dia a dia e nos investimentos de uma maneira geral”.
E essa é uma tarefa fundamental para um momento em que cresce o interesse do brasileiro pelos investimentos. Prova disso são os dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que mostram aumento no número total de investidores pessoas físicas na Bolsa de Valores: um salto de 3,1 milhões, em 2020, para 4,2 milhões, em 2021.
“Eu estou no mercado há quinze anos e há dez lidando, diretamente, com clientes. E é muito impressionante a evolução do investidor de um tempo pra cá. Eu acho que, de certa forma, após a pandemia, isso melhorou porque as pessoas tiveram mais tempo para se dedicar a isso (durante os momentos de maior restrição por conta da covid-19)”.
Apesar disso, Helena alerta que o cenário econômico atual exige atenção e é completamente diferente daquele visto pelos investidores no período pré-pandemia.
“A entrada de pessoas físicas na bolsa no pré-pandemia foi algo ligado, também, à realidade de juros baixos, que acabou fazendo com que o brasileiro fosse mais para bolsa”, diz.
Hoje, porém, a situação se inverteu e a política monetária tem que remediar juros e inflação nas alturas.
Leitura
Para Helena, os bancos centrais tomaram atitudes considerando que a pandemia seria um evento desinflacionário, o que claramente não foi. Agora, vivemos um cenário de juros mais altos, porém, a economista acredita que o teto está próximo, pelo menos, no Brasil.
“Acredito que o Banco Central provavelmente vai fazer mais uma ou duas altas. Não vai encerrar na Super Quarta de maio, como era a vontade deles. Mas não passa muito disso”.
Agora, segundo Helena, para de fato, a inflação se comportar da maneira esperada, algumas questões externas – como o conflito na Ucrânia – precisam ser resolvidas.
Investimentos, investidoras e mercado
Dentro deste cenário, explica Helena, é necessário aumentar a cautela na renda variável e aproveitar as oportunidades da renda fixa. Ter ajuda neste processo é fundamental para conseguir bons resultados e, claro, garantir a independência financeira.
E é neste ponto que a economista-chefe ressalta a importância das mulheres estarem envolvidas neste movimento. Segundo ela, apesar da melhora, o número de investidoras ainda é menor comparado ao de homens. E isso também é uma questão social.
A forma como as mulheres lidam com as finanças e as questões do próprio mercado de trabalho influenciam diretamente nas oportunidades, ou falta delas, na hora de investir.
“No mercado como um todo e, principalmente no financeiro, tem muita coisa para avançar. A gente não vê a mulher em cargo de gestão. E isso é uma coisa que vem da formação das mulheres que não são incentivadas a estar na tecnologia, nas finanças, nas exatas.Se você entra nas faculdades, você vê as turmas de exatas e as turmas de humanas, qual que tem mais mulher?”, questiona.
“E aí se você entra numa loja de brinquedo, você vê que é brinquedo de menina e ali é brinquedo de menino. Lego fica na seção de menino e a cozinha de cor de rosa, na de menina. Isso precisa avançar”, pontua Helena.