O BTG recomendou compra para as ações da CPFL Energia (CPFE6), com preço-alvo de R$ 41,00. Por volta das 11:11 desta quarta-feira (26), os papéis da companhia avançavam 1,17%, cotados a R$ 28,52.
Para os analistas João Pimentel e Gisele Gushiken, desde que foi adquirida pela State Grid em 2016, a CPFL continua a entregar fortes
números operacionais.
As distribuidoras se mostraram muito resilientes em tempos difíceis e se beneficiaram das boas revisões tarifárias e do recente descasamento inflacionário IGP-M/IPCA, afirma o BTG.
Tal forte geração de caixa reduziu a alavancagem para 1,8x ND/EBITDA no terceiro trimestre do ano passado, o que deixou a CPFL com bastante espaço em seu balanço para buscar o crescimento sem prejudicar sua política de distribuição de dividendos.
No entanto, Pimentel e Gushiken destacam que há uma transação que, se realizada, pode ser transformacional: a incorporação dos ativos de transmissão da State Grid.
Os analistas dizem que não sabem quando isso pode acontecer – se acontecer -, mas aicham que seria uma boa ideia listar todos esses ativos e tentar avaliar seu tamanho e valor.
O histórico e a escala maciça da State Grid contribuem para sua competitividade vantagem no Brasil, onde atua desde 2010, predominantemente no segmento de transmissão.
O grupo fornece energia para mais de 1,1 bilhão de pessoas na China, e cobrem 88% do território do país com mais de 1 milhão de quilômetros de linhas de transmissão, e operam em outros nove países, incluído o Brasil, e ultrapassa US$ 420 bilhões em receitas.
Além da participação na CPFL, o grupo opera no Brasil via State Grid Brazil Holding (SG Brasil), que possui 24 subsidiárias com mais de 12 mil quilômetros de linhas de transmissão, aproximadamente 70 subestações e mais R$3,7 bilhões de RAP (receita anual permitida).
Das 24 subsidiárias, detém 100% de dezenove e 51% de cinco, com Furnas, Copel e Eletronorte como parceiros.
A SG Brasil também ganhou o bloco 1 do leilão 2020/01 após a desqualificação do Agronegócio Alta Luz Brasil.
O bloco engloba o construção de 182 quilômetros de linhas de transmissão e uma subestação em Goiás com previsão de investimentos de R$ 420 milhões, R$ 21 milhões de RAP e expectativa de energização em 2025.
Há outras incertezas sobre essa incorporação. Conforme as regras de listagem no segmento de Novo Mercado, a CPFL possui comitê de partes relacionadas formado por dois membros independentes, o que pode acrescentar alguma proteção a acionistas minoritárias.
A listagem no segmento também exige um free float mínimo de 15%, enquanto a empresa atualmente tem 16%, o que quase não deixa espaço para mais diluição.
Pimentel e Gushiken dizem que, mesmo que a incorporação aconteça, não veem que a operação ocorra em curto prazo.