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China causa incerteza entre investidores — confira pacote de estímulos e números da balança comercial e da inflação ao consumidor e ao produtor

No último sábado, 12 de outubro, a China anunciou planos para “aumentar significativamente” seu endividamento com o objetivo de reanimar a economia nacional

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No último sábado, 12 de outubro, a China anunciou planos para “aumentar significativamente” seu endividamento com o objetivo de reanimar a economia nacional.

No entanto, a falta de clareza sobre a magnitude exata desse pacote de estímulo deixou os investidores apreensivos.

Quais foram as medidas anunciadas pela China?

Durante uma coletiva de imprensa, o ministro das Finanças, Lan Foan, destacou que o governo de Pequim vai auxiliar os governos locais a resolverem seus problemas de endividamento.

Além disso, prometeu oferecer subsídios às populações de baixa renda, fomentar o mercado imobiliário e reabastecer o capital dos bancos estatais, entre outras iniciativas.

Essas medidas estão alinhadas com as demandas dos investidores, especialmente se considerado que a segunda maior economia do mundo enfrenta uma desaceleração, na luta contra pressões deflacionárias e em busca de reanimar a confiança do consumidor em meio a uma acentuada queda no setor imobiliário.

Entretanto, a ausência de informações concretas sobre o valor total do pacote de estímulo pode prolongar a expectativa tensa dos investidores, que aguardam um roteiro de políticas públicas mais definido até a próxima reunião pelo Poder Legislativo, responsável por aprovar as emissões de dívida.

Embora a data dessa reunião ainda não tenha sido divulgada, espera-se que o evento ocorra ao longo das próximas semanas.

Como as ações da China reagiram às notícias?

Após a reunião do Politburo, as ações chinesas alcançaram seus maiores níveis em dois anos, com um aumento de 25% nos dias seguintes.

No entanto, o mercado de ações logo recuou devido à incerteza em relação às políticas a serem adotadas pelas autoridades.

Os mercados globais de commodities, como minério de ferro, metais industriais e petróleo, experimentaram volatilidade na expectativa de que novos estímulos possam impulsionar a fraca demanda chinesa.

Planos de emissão de títulos e injeção de capital

A agência Reuters informou em setembro que a China planeja emitir títulos soberanos especiais, com um valor estimado em cerca de 2 trilhões de iuanes (aproximadamente R$ 1,70 trilhão) ainda este ano, como parte de um novo pacote de estímulos.

Metade desse valor seria destinada a ajudar os governos locais a resolver suas dívidas, enquanto a outra metade subsidiaria a aquisição de eletrodomésticos e outros bens, além de financiar um subsídio mensal de cerca de 800 iuanes (R$ 635,00) para famílias com dois ou mais filhos.

Adicionalmente, a Bloomberg News reportou que a China considera injetar até 1 trilhão de iuanes de capital em seus maiores bancos estatais.

No entanto, analistas alertam que mesmo com maior capacidade de empréstimos, a demanda por crédito continua a ser um desafio persistente.

PBoC foi acionado: como a autoridade monetária da China age?

No final de setembro, o Banco Popular da China (PBoC) anunciou uma série de medidas de apoio monetário, que incluem cortes nas taxas de juros e uma injeção de liquidez de 1 trilhão de iuanes, juntamente com outras iniciativas para apoiar os setores imobiliário e de ações.

Embora essas medidas tenham elevado a confiança do mercado, analistas enfatizam ser necessário abordar questões estruturais mais profundas, como a promoção do consumo e a redução da dependência do investimento em infraestrutura impulsionado por dívidas.

Balança comercial da China

As exportações da China registraram um crescimento de 2,4% em setembro em comparação ao mesmo mês do ano anterior, uma desaceleração em relação ao aumento de 8,70% observado em agosto, conforme os dados divulgados pela administração alfandegária do País.

Este resultado ficou abaixo das expectativas dos analistas, que previam um crescimento de 6%.

Além disso, as importações aumentaram apenas 0,30% em setembro, em comparação com um crescimento de 0,50% em agosto, enquanto as previsões apontavam para uma alta de 2,00%.

O superávit comercial geral da China caiu para US$ 81,710 bilhões em setembro, comparado aos US$ 91,02 bilhões em agosto, e ficou abaixo da expectativa de US$ 89,80 bilhões.

Inflação ao consumidor e ao produtor

O índice de preços ao consumidor (CPI) da China apresentou um aumento de 0,40% em setembro, conforme o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS) informou no último domingo, 13 de outubro.

Este resultado ficou aquém das expectativas, que previam uma alta de 0,60%.

Os preços dos alimentos subiram 3,30% em setembro em comparação ao ano anterior, uma alta maior que a de agosto, que foi de 2,80%.

Por outro lado, os preços dos itens não alimentícios caíram 0,2% em setembro, uma reversão a alta de agosto, em grande parte devido a uma queda nos preços da energia.

Em termos mensais, o CPI permaneceu estável em setembro, comparado a um aumento de 0,40% em agosto.

A inflação básica, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, ficou em 0,10% em setembro, o nível mais baixo em mais de três anos.

O índice de preços ao produtor (PPI) da China caiu 2,80% em setembro em relação ao mesmo período do ano passado, acima das expectativas de uma redução anual de 2,50%.