Tecnologia de ponta totalmente conectada e aplicada na construção de um ambiente urbano melhor para todos. Assim podemos definir as cidades inteligentes, um conceito cada vez mais discutido entre urbanistas, administradores públicos e a sociedade.
Mais do que uma cidade digital, a cidade inteligente é aquela que promove o bem-estar da sociedade por meio da conectividade nas mais diversas áreas da administração pública, como mobilidade urbana, segurança e bem-estar social.
Até pouco atrás, entendia-se como cidade inteligente aquela dotada de serviços como semáforos que abriam e fechavam conforme o fluxo de veículos, aplicativos de transporte público, serviços públicos pela internet, etc. Mas o conceito vai além disso.
“A cidade inteligente é aquela que consegue oferecer ao cidadão serviços públicos que possam melhorar a qualidade de vida das pessoas. Ou seja, não adianta uma cidade dispor de tecnologia e isso não melhorar a vida dos cidadãos”, explica o engenheiro Roberto Silva, diretor-executivo da EY na área de tecnologia.
Silva utiliza como exemplo a iluminação pública. Não basta a instalação de lâmpadas LED para que a iluminação seja considerada inteligente. Isso é uma iluminação moderna.
Na cidade inteligente, as luminárias públicas são programadas para acenderem de acordo com a intensidade da luz natural e a região – uma área com mais árvores necessita mais luminosidade à noite.
Além disso, as luminárias devem estar conectadas em outros sistemas tecnológicos, como câmeras que forneçam imagens em tempo real, por exemplo.
“As câmeras controlam o trânsito o tempo todo e podem indicar o melhor caminho para uma ambulância em uma emergência. Ou aumentar a sensação de segurança dos pedestres e coibir crimes”, diz Silva.
“Por isso, não podemos confundir a cidade digital com a inteligente, que é a conexão de tudo, nada pode estar funcionando de maneira isolada”, completa.
O mesmo vale para ações que reduzam a burocracia, evitem deslocamentos desnecessários e perda de tempo em filas.
Os postos de atendimento para emissão de documentos e outros serviços públicos são um bom exemplo. “Imagine o tempo economizado pela pessoa se ela emitir uma certidão diretamente na internet, sem precisar ir até a prefeitura”, diz Silva.
“Cidade inteligente é uma evolução do conceito de cidade digital. Na cidade digital, um número considerável de ferramentas de tecnologia da informação é utilizado. Mas somente se pode dizer que a cidade está se tornando inteligente quando essas ferramentas passam a operar de forma integrada e os processos se tornam ‘inteligentes’", explica Vivaldo José Breternitz, professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Segundo Breternitz, poucas cidades no Brasil caminham para se tornarem realmente inteligentes.
O professor cita um estudo do IESEBusiness School, que pertence à Universidade de Navarra. Foram analisados aspectos como capital humano, economia, meio ambiente, planejamento urbano, tecnologia e mobilidade de 174 cidades em todo o mundo, com o objetivo de criar um ranking de cidades inteligentes.
A cidade brasileira mais bem posicionada no ranking do IESE foi o Rio de Janeiro (128ª), seguida de Brasília (130ª) e São Paulo (132ª).
As três localidades mais inteligentes do mundo, segundo o levantamento do instituto espanhol que se dedica ao estudo de “smart cities”, são Londres, Nova York, e Amsterdã.
As cidades inteligentes também devem ser mais sustentáveis.
Empresas como a Siemens já desenvolvem projetos e programas para oferecer tecnologia de ponta às localidades que pretendem aliar a tecnologia de ponta com a sustentabilidade em áreas como mobilidade urbana e gestão eficiente de recursos naturais.
Especialistas, porém, advertem sobre a necessidade dos governantes estabelecerem prioridades, em especial nos países mais pobres, onde os recursos são mais escassos.
“Os investimentos devem ser compatíveis com as necessidades do cidadão. É muito bom investir em tecnologia, mas o governante também deve estar atento para a necessidade de atender áreas prioritárias, como saneamento básico e saúde”, diz Rafael Colnago, consultor da EY.