O Ibovespa, principal índice acionário da B3, atingiu o ponto de circuit breaker, ou seja, quando as operações são interrompidas como mecanismo contra a volatilidade.
Quando há variação de 10%, as negociações ficam paradas por meia hora (circuit breaker) — hoje, por volta das 10h30, a queda foi de 10,02%, aos 88.828,14 pontos, puxada pela guerra de preços no petróleo e pelos receios acerca da crise do coronavírus.
Mas calma! As notícias podem ser boas para quem quer investir a médio e longo prazo. “Há excelentes oportunidades de compras de ativo agora”, afirma Luciano França, gestor de fundos da Avantgarde Capital. Para o especialista, a tendência é que a queda seja pontual, seguindo o impacto do coronavírus, e não um cenário macroeconômico de recessão. “É um bom nível para entrar no mercado”.
Ivan Kraiser, gestor dos fundos da Garín Investimentos, concorda. “Dias de estresse são também de bastante de oportunidade”, diz “Itaú e Petrobras, por exemplo, são boas empresas que estão com ações baratas”. No entanto, o especialista alerta que ainda é impossível saber se haverá mais quedas ou quando as ações vão recuperar o patamar perdido. Em janeiro, o Ibovespa operava na casa dos 120 mil pontos, mas, até o fechamento na última sexta-feira, teve perdas de mais de 15% no acumulado anual.
Para quem já tem posições, o remédio é paciência. “Obviamente um dia como hoje deixa os investidores sensíveis”, aponta França. “Mas a bolsa não é curto prazo e, se houver calma e possibilidade de aumentar a exposição para o longo prazo, recomendamos”.
Para Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, “é preciso esperar o cenário estabilizar, pois estamos vendo um movimento de correção muito fora do esperado, com o preço do petróleo”. O especialista explica que o movimento da Arábia Saudita estava fora do radar, mas que não há mudança estrutural prevista para o Brasil.
Petróleo
O tombo do petróleo também pode impactar os preços da gasolina no país, a depender da reação do governo. “Há a política de acompanhar os valores internacionais, mas também há a preocupação com a arrecadação e contas públicas”, explica Régis. Segundo números de novembro passado do Ministério de Minas e Energia, os impostos representam mais de 15% do preço final da gasolina.
Outra grande afetada pelos preços da commodity foi a Petrobras, que chegou a cair quase 25% nesta segunda-feira. “Para quem tem Petro na carteira, pode haver uma diminuição, mas, no longo prazo, pode permanecer com a posição”, diz Régis. Apesar do impacto direto, a petroleira ainda está avaliando a extensão do choque nas contas da empresa.